Lemos com emoção a notícia de que os católicos da capital baiana, afrontados com
injúrias dirigidas pelos elementos comunistas locais contra o Romano Pontífice,
organizaram uma grandiosa manifestação de protesto e desagravo. Constou tal
manifestação de imponente procissão
em que milhares de pessoas conduziram
pelas ruas um andor com a imagem de Nossa Senhora de Fátima, rezando pelo Sumo Pontífice, pelo Brasil, e consequentemente, pelo esmagamento da heresia comunista.
Nesta grande manifestação, tudo merece aplauso e
toca especialmente nossos sentimentos de católicos: a devoção a Nossa Senhora,
a extrema suscetibilidade no tocante à honra, grandeza e dignidade do Soberano
Pontificado, e o desejo de que sejam abatidos os inimigos da verdadeira Fé.
"Senhor, que vos digneis de humilhar os
inimigos da Santa Igreja", suplica a Sagrada Liturgia na Ladainha das
Rogações.
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E, já que estamos tratando deste assunto, registramos
com especial agrado a notícia de que a Suprema
Corte de Washington manteve, há poucos dias atrás,
a decisão proferida pelo Tribunal de
Justiça, e depois confirmada pela corte de Apelação, que autoriza a demissão de um funcionário do governo por pertencer a
uma organização comunista.
Fica, assim, o governo norte-americano autorizado a
demitir os funcionários públicos que manifestem convicções comunistas. Quando
teremos o mesmo no Brasil?
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Causa-nos estranheza, a notícia veiculada pela AFP,
de que em Paris foi descoberta uma organização clandestina
anticomunista, que teria por objeto falsificar os documentos dos
colaboracionistas, facilitando-lhes, assim, a fuga do território francês.
Seria admissível que uma organização de antigos
"colaboracionistas" financiasse um escritório especializado em tais
práticas. Mas é singular que uma tarefa de tal natureza esteja sendo realizada
por uma comissão que se proponha como fim especialmente o combate ao comunismo.
Com efeito, anticomunismo e colaboracionismo
são coisas perfeitamente distintas. Há e
houve muitos anticomunistas que foram e se conservam irredutivelmente
anti-colaboracionistas. De outro lado, entre os colaboracionistas da primeira
hora houve muitos comunistas: os telegramas dos dias da invasão noticiaram
fartamente que o avanço das tropas
nazistas era por toda a parte facilitada - em território francês - pela ação
das células comunistas. Assim, o telegrama da AFP cria um ambiente de
confusão. Por que seria necessariamente anticomunista uma organização destinada
a proteger colaboracionistas? Por que seria necessariamente colaboracionista
uma organização destinada tão somente a combater o comunismo?
Vemos neste telegrama uma das tantas notícias que
pululam pelo mundo, que alimentam certas confusões com as quais só a esquerda
tem a lucrar.
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Fazemos com tantos pormenores este comentário,
porque sobretudo estranhamos na referida notícia um pormenor: numerosos
Sacerdotes, especialmente religiosos, estariam implicados nesta falsificação de
documentos em favor de colaboracionistas. Em conseqüência disto, a Sureté Générale,
polícia especializada francesa, varejou várias casas religiosas.
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É absolutamente estranhável
tudo isto. Vários sacerdotes de muitas Ordens e Congregações, falsificando
documentos a favor de colaboracionistas, e mantendo para este efeito um sistema
de transmissão de documentos especial?
Há uma explicação muito mais plausível para tudo.
Alarmados com a onda de comunismo na França, alarmados sobretudo com a atitude fraca de muitos
elementos anticomunistas na reação contra Moscou, certas figuras do clero e laicato católico teriam montado um organismo - não secreto
- de ação anticomunista. Os comunistas, cientes do fato, teriam envenenado o
assunto, afirmando tratar-se de uma organização colaboracionista.
É a dialética infernal dos totalitários: para eles,
quem não é comunista é nazista, e vice-versa.
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Foram tão comprometedoras as informações prestadas
por um ex-comunista, Luiz Budenz, antigo redator chefe do órgão vermelho "Daily Worker", a propósito
do assassínio de Leon Trotzky, ocorrido no México em 1940, que uma
comissão de personalidades norte-americanas acaba de requerer a abertura de um
inquérito sobre o assunto.
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O servilismo
dos comunistas do mundo inteiro, em relação a Moscou, é manifesta. O Partido Comunista britânico, por exemplo, na semana passada protestou, de modo oficial, contra o discurso do Sr. Truman, referente à proteção do Oriente Próximo e Médio pelos Estados
Unidos. Ora, como é bem
evidente, toda a opinião sensata da
Inglaterra, inclusive importante fração do próprio Partido
Trabalhista(!), percebe a
vantagem que todos os povos de civilização ocidental e cristã têm com isto. Só
não percebem esta vantagem os comunistas ingleses...
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Seguindo também instruções de Moscou, a imprensa esquerdista francesa atacou
acerbamente o discurso do Sr. Truman. O governo
títere da Bulgária também protestou. Em suma,
toda a máquina de propaganda soviética funcionou com a regularidade que torna
até banais e insípidas as atitudes de seus agentes no mundo inteiro.