Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

Legionário, N° 754, 19 de janeiro de 1947

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A velhice é uma triste coisa. Mais triste ainda é a esterilidade. Velhice e esterilidade juntas constituem o pináculo da desolação. Há algo de mais doloroso do que chegar à decrepitude sem deixar nenhum fruto?

Pensamos nisto, agora, porque se celebrou há dias no Brasil um aniversário ao mesmo tempo cheio de velhice e esterilidade: o do laicismo. No dia 7 de janeiro, transcorreu o 57º aniversário da separação entre a Igreja e o Estado. Nascido entre festas, o laicismo hoje está velho. Velho, estéril, tão envergonhado de si mesmo, que até mesmo os que o defendem não festejam mais o seu dia.

A data teria passado inteiramente desapercebida se uma certa linguinha "pró Estado Leigo", que funciona no Rio, não tivesse feito uma pequena comemoração para lembrar a data. Esta comemoração tão pequena teve um mérito que não é pequeno. Serviu para lembrar a efeméride, e fazer notar a indiferença geral existente a respeito dela...

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Registramos com toda a simpatia, a visita a esta Capital de S. Excia. Revma., o Sr. D. Joseph Maluf, Arcebispo melquita católico de Baalbeque, que veio a nosso país em missão da Santa Sé para se interessar pela situação dos católicos de seu rito, aqui existente.

Como sabemos, a diversidade de ritos não afeta a unidade de todos os fiéis ligados à Sé de São Pedro, e os católicos de rito latino devem considerar com respeito e simpatia os venerandos ritos litúrgicos do Oriente que a Igreja conserva amorosamente até nos nossos dias.

Temos reiteradamente chamado a atenção para as atividades dos orientais cismáticos, em nosso país. Só podemos ver com fraternal simpatia tudo quanto diga respeito às atividades dos orientais católicos que são, no Brasil, não elemento de discórdia religiosa, mas de união verdadeira e durável.

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Folgamos em registrar as medidas enérgicas que o governo do Paraguai tomou contra o comunismo. Por decreto do dia 15, tornou-se crime, punido por lei, fazer propaganda do comunismo de qualquer forma. Os que incidirem neste crime não terão direito nem sequer ao livramento condicional que se faculta aos criminosos de direito comum.

É assim que uma sociedade organizada deve defender-se contra os agentes de dissolução e desordem.

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Cresce assustadoramente a criminalidade nos Estados Unidos, o que tem levado as autoridades a empregar a maior severidade na punição dos criminosos. De modo muito especial, tem subido o índice de criminosos entre as crianças e jovens e também estes não tem sido poupados pela Justiça, que outrora se manifestava benigna para com os menores.

Ainda recentemente, um jovem de apenas 17 anos foi condenado à morte. Levado à cadeira elétrica, não morreu com a descarga. Em casos análogos, comutava-se a pena, outrora, até aos adultos. Agora, não foi ela comutada, nem sequer em se tratando de um menor.

Como chegaram os Estados Unidos a esta situação? Por causa da imoralidade das revistas infantis e cinemas para crianças.

Pensemos nisto, para compreender o mal a que se expõe diariamente, sob este ponto de vista, o nosso Brasil.

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Na semana passada, foram feitas numerosas investigações na Índia para apurar a cumplicidade dos comunistas nas agitações separatistas e autonomistas que ali se vem verificando.

Com efeito, a polícia britânica tem todos os elementos para afirmar que o separatismo hindu é açulado dos modos mais diversos pelo comunismo.

Trata-se, evidentemente, de uma simples manobra comunista. No dia em que a Índia for independente, passará automaticamente para outras tutelas. A parte brahmanista cairá sob a "influência" soviética. A parte muçulmana ficará sob a soberania da Liga árabe. Por enquanto, os comunistas açulam os pruridos de independência dos hindus. Mais tarde, verão estes quanto é agradável gozar, sob a sombra dos sovietes, a mesma "independência" que a Polônia, a Iugoslávia, a Romênia, Bulgária, etc.

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Os embustes estão na ordem do dia. Por toda a parte, os comunistas, há poucos anos atrás, promoviam morticínios de religiosos e sacerdotes, destruíam templos, profanavam imagens e sacramentos. Basta lembrar o que ocorreu na Espanha, México, Rússia.

Hoje, vestem a pele do cordeiro. Em Lusuraco, na região de Valença, um comunista aproximou-se da sagrada mesa, recebeu a Santa Eucaristia, e depois jogou a partícula ao solo, profanando-a. Gesto tipicamente comunista, por certo. Mas démodé.

O Partido Comunista... expulsou de suas fileiras o autor do fato.

Sinal dos tempos...

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Os telegramas concernentes à eleição do novo presidente da França asseveram que a bancada muçulmana desenvolveu papel importante nas negociações entabuladas sobre o assunto. Ao mesmo tempo, noticia-se que o conselho de ministros da França acaba de autorizar o ingresso de elementos coloniais muçulmanos, no corpo diplomático francês. Coisa pouco mais ou menos tão inquietadora como se o Brasil autorizasse o ingresso de budistas, filhos de japoneses nascidos aqui, em nosso corpo diplomático. Pois que, positivamente, as relações de afeto, dedicação, dependência, de "nipo-brasileiros" pagãos para com Tóquio são ponto por ponto iguais aos dos muçulmanos argelinos, tunisianos, marroquinos, para com a Liga árabe.


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