Legionário, 752, 5 de janeiro de 1947

7 Dias em Revista

Uma revista trabalhista da Inglaterra, o "leader Socialista" órgão da ala dissidente e extremada, acaba de publicar um artigo sobre a situação internacional do Papado. Neste artigo, põe em evidência, que, se de um lado a influência da Santa Sé tem crescido, de outro lado mostra-se consideravelmente prejudicada. E, desse último fato, dá como indício o procedimento da ONU que agiu como se o Santo Padre não existisse.

É precisamente o que comentamos no LEGIONÁRIO. Pena é que esse órgão socialista – inimigo, pois, da Igreja - tenha percebido isto tão claramente  e muitos católicos, que poderiam pelo menos ter protestado energicamente em todos os países do mundo contra este fato, se calaram.

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Mas dir-se-á, o Santo Padre não protestou: do que adiantam então os protestos dos fiéis? Em muitos casos, são os fiéis que devem tomar as atitudes mais decisivas e enérgicas. Fica bem aos filhos defender as prerrogativas de seus pais. E é doce e glorioso para um pai ver que a defesa de seus filhos é tão veemente que ele mesmo nem sequer precisa pronunciar-se.

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Continua, na Inglaterra, a política bolchevisante do gabinete trabalhista. Claro está que em um ou outro caso, a doutrina católica não condena a nacionalização de empresa de grande envergadura. Mas o projeto trabalhista de pôr sob o controle do Estado toda a vida econômica do país, reduzindo a zero a iniciativa privada, é coisa manifestamente oposta ao que ensina a Igreja. E é precisamente este o erro comum [dos] socialistas e comunistas.

Ora, na Inglaterra, acabam de ser nacionalizadas as minas de carvão como passo importantíssimo para a nacionalização de outras grandes empresas, e final socialização da economia. Este ato foi levado a cabo pelo gabinete Attlee com requintes de demagogia significativos. Assim, na entrada das minas, foi afixada uma tabuleta com os dizeres: "esta mina é, agora, dirigida pela junta Nacional do Carvão, em nome do Povo", o que evidentemente, incute no trabalhador a idéia falsa de que a propriedade simpática é a coletiva e qualquer forma de propriedade que não seja coletiva e popular é ilegítima e antipática. A nacionalização foi, de outro lado, festejada com bailes operários ordenados pelas autoridades em todos os lugares onde há minas. É um pouco como se a transferência das minas para o Estado representasse uma libertação de cativos. É portanto, como se a condição de empregado de uma empresa particular tivesse algo de comum com o cativeiro.

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E os resultados de tudo isto? O que lucrará a indústria de carvão com a nacionalização? A experiência é curiosa e pode depor muito contra as socializações.

Mas os socialistas, se não têm a inocência da pomba, têm a sagacidade da serpente. E por isto, já publicou o Governo inglês um extenso relatório sobre todas as dificuldades com que a indústria extrativa do carvão está lutando. De sorte que, quando se verificarem os insucessos tão freqüentes nas empresas nacionalizadas, correrá tudo por conta da guerra. Mas, se as empresas tivessem ficado em mãos de particulares, teria tudo corrido por conta destes: como não se mostraram capazes de vencer as dificuldades de guerra? A dialética socialista é inefável.

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Muito significativo, a respeito do insucesso econômico dos países socializados, é o depoimento do ministro russo junto ao México, que acaba de abandonar suas funções, internando-se nos Estados Unidos. O diplomata ex-soviético fez as declarações mais negras sobre a atual situação econômica da URSS e o insucesso dos comunistas em organizarem a economia russa.

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Merece registro a conclusão a que chegou a Comissão de Investigações das Atividades anti-americanas, organizada pelo Congresso yankee.

Estas conclusões são:

a) "No caso de guerra entre os EEUU e a URSS, comunistas norte americanos estão preparados para desenvolver uma campanha geral de sabotagens industriais, por meio de greves ordenadas pelos sindicatos dominados pelos comunistas";

b) - "os comunistas estão constituindo numerosas associações políticas, que têm como objetivo final a derrocada do governo".