Continua infelizmente a investida anticlerical
contra a Santa Sé, na Itália.
Doe-nos ver que o Vigário de Cristo é obrigado, se bem que não diretamente, mas
através de seu órgão oficioso, a tomar conhecimento dessas baixezas,
e a retorquir essas calúnias. A luta
entre grandeza tamanha e pequenez tão venenosa faz-nos lembrar a pugna entre o
leão e a serpente. Ou a hostilidade do grande São Paulo com o intrigante
vulgar e baixo, que seria provavelmente o latoeiro Alexandre.
Não é por si que a Santa Sé se defende, pois que
está acima de todas estas misérias. Fá-lo apenas por amor as almas rústicas e
ignorantes, que os anticlericais querem seduzir por
meio de intrigas e mentiras, roubando-as ao aprisco da Igreja.
Impressionante e incisiva é a reflexão
que o "Osservatore
Romano" faz a este propósito. Em Roma, diz o jornal oficioso da Santa Sé, ataca-se impunemente o Papa. E, entretanto, se Roma existe, deve-o ao
Papa. Pois que é só por ser a
capital da Cristandade, o centro do orbe católico, que Roma não foi arrasada como Stalingrado ou Berlim.
E quem
ignora isto? No mundo inteiro, ninguém: não há quem não saiba que, se Roma
ainda existe, deve-o exclusivamente a sua condição de sede do Papado, e à ação
diplomática desenvolvida pelo Papa, pessoalmente, em favor da cidade eterna,
junto a ambos os grupos beligerantes.
Tudo isto torna
particularmente amarga a leitura das
turbulências e desordens de que a
cidade de São Pedro tem sido alvo, segundo o "Osservatore
Romano": bombas lacrimogêneas foram
lançadas contra os fiéis, em uma cerimônia em louvor da Imaculada Conceição;
vários sacerdotes e Bispos tem sido gravemente injuriados.
Em Milão, estudantes vestindo hábitos eclesiásticos forçavam as
jovens a dançar com eles, e praticavam imoralidades públicas.
Bem se vê que o LEGIONÁRIO andou muito bem em
formular seu protesto pelas violências de que anda sendo vítima o Pontífice, e
em pedir as orações de todos os seus leitores em favor do Pai comum dos fiéis.
Reiteramos hoje este protesto
e este pedido. Mas isto não nos basta. Queremos ainda formular uma observação.
Discursando certa vez sobre as
perseguições anti-religiosas do México, o Santo
Padre Pio XI aludiu ao inexplicável silêncio da imprensa no
tocante a todas as atrocidades que ali se perpetravam contra os católicos,
enquanto as agências telegráficas, por vezes, chegam a dar realce aos fatos mais
insípidos e insignificantes, com o mero propósito de produzir e vender
notícias. É a grande conspiração
universal do silêncio, a propósito de tudo que diz respeito à Igreja, acentuou o Soberano Pontífice. Essas
palavras não podem deixar de ser rememoradas hoje. Qualquer espoletinha
que estoura em Tel-Aviv ecoa nos telegramas do mundo inteiro. Em Roma,
pode-se fazer tudo contra os fiéis, sem excitar nenhum interesse das agências noticiosas.
* * *
O general Tito recebeu
recentemente a visita de um grupo de
prelados da igreja cismática da Iugoslávia, que com
ele manteve longa e cordial palestra. Esta visita foi interpretada pela
imprensa com uma demonstração evidente de que o regime vigente na Iugoslávia
nada tem de hostil aos cismáticos. Assim, prosseguem
as relações cordiais entre os cismáticos e comunistas que vimos denunciando
insistentemente nesta folha. Sirva-nos
isto para abrir os olhos do povo para a grande manobra envolvente que o comunismo tenta realizar em nossos dias. Ele não é mais oficialmente ateu. Pelo contrário, colabora de bom grado com todas as igrejas e seitas que não contrariem
sua doutrina política e social. E oferece à Igreja de Deus a mesma colaboração.
Verdadeira tentativa de simonia: se a Igreja de Deus aceitasse as vantagens e
liberdades que os comunistas lhe oferecem, seria obrigada a renunciar à
proteção da Lei Natural, expressa no Decálogo. E a este tráfico, jamais se rebaixará o Catolicismo.
* * *
Se com o Catolicismo este
mercado é impossível, com os cismáticos e hereges é facílimo. Sabemos todos como o comunismo penetrou na mais aristocrática e conservadora
das seitas inglesas, o anglicanismo episcopaliano
de que o Dr. Temple, deão de Canturbery, e o pouco
saudoso "arcebispo" da mesma sede foram expoentes. Em larga medida, os pastores protestantes são utilizados
como agentes de propaganda comunista, e não há muito tempo, em Friburgo, onde se
realizou um sermão no templo protestante, pregado por um pastor que era ao
mesmo tempo líder comunista conhecido. Com
os cismáticos, o mesmo se dá. O vigário geral de uma das sedes cismáticas
mais importantes, Moscou se não nos enganamos, era um dos chefes da
organização dos "sem Deus". Os russos soviéticos aproveitam, assim, seu "pessoal especializado"
em questões religiosas: outrora,
incumbidos de demolir igrejas, e hoje
os utilizam para fomentar cismas e
heresias.