Se os
homens responsáveis pelos rumos da política em nosso país estivessem
diretamente jurados para lançar o Brasil nos braços de aventureiros
demagógicos e escravos de cartas de prego socialistas
e bolchevizantes, não agiriam com mais perícia
e habilidade do que o estão fazendo atualmente de modo indireto, através da confusão das rixas e rivalidades
pessoais, da falta de união de forças dos elementos conservadores.
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Com efeito, dessa fragmentação
daqueles que, no Brasil, por fás ou por nefas, ainda representam nossa elite
intelectual e política, os únicos
beneficiários serão os pescadores que andam lançando seus anzóis nas águas
turvas do mal-estar social, a granjear popularidade barata à custa da
miséria e das desilusões do povo.
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Enquanto assim se apresenta sombrio o panorama político no Brasil, das terras de França nos chegam notícias
da queda do governo chefiado por Bidault.
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Esta mudança no governo francês dá ensejo a que os
comunistas mais uma vez ponham à mostra seu proverbial despistamento e seu
decantado “realismo” político.
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Sendo indispensável a colaboração dos socialistas
para que os comunistas executem seu plano de tomar as rédeas do poder, declaram os vermelhos franceses que
seguirão “por caminhos diversos da Rússia”, que “o comunismo se orientará para o socialismo”, superando a etapa da “ditadura do proletariado” através de métodos
democráticos de governo, etc.
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Quem não vislumbra em tudo isso um mero engodo e um mero recuo temporário destinado a mover as dificuldades presentes? A ditadura bolchevista começou na Rússia justamente por esses processos
“democráticos, através da convocação de uma assembléia constituinte”.
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E se os partidários da ação direta sentem necessidade desses recuos, é
pelo fato de ainda existir em França uma
opinião pública vigilante, que pode estragar os seus planos, mesmo porque
uma aliança entre comunistas e socialistas não é novidade, como aconteceu ao
tempo em que estavam em moda as “frentes populares”.
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Insistimos em que a subdivisão da esquerda em várias facções é mais uma questão de tática
do que de princípios. No fundo, georgistas, trotskystas, leninistas, stalinistas
e todas as alas esquerdistas estão de acordo, embora os menos informados dessas
correntes possam dar uma impressão diferente com suas lutas em torno de
questões adjetivas.
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Sem ignorar que a nau de Estado com toda a
probabilidade passaria para as mãos dos comunistas, o Sr. Bidault, ao
renunciar, disse ser seu dever manifestar que “ao novo governo devem ser
concedidas faculdades para agir com a maior autoridade possível, a fim de
restaurar as finanças do país”. Em se tratando de membros de um partido
totalitário como é o comunista, eis o que se chamaria chover no molhado se a
intenção não fosse diferente…
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No conselho da ONU o Sr. Molotov fala sobre a
redução dos armamentos e sugere que se proíba o uso da energia atômica para
fins bélicos. Procedendo tais sugestões do
representante de um país useiro e vezeiro em desrespeitar os tratados e agir
pela força, de nada valendo sua palavra empenhada, será o caso de se indagar:
- Quem amarrará o guiso no rabo do gato?
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Como uma réstia de luz no meio destas sombras,
vemos a notícia do reatamento das
relações diplomáticas entre a Santa
Sé e a Áustria, interrompidas desde o advento do Anchluss. As probabilidades
de salvação para um determinado povo crescem na medida em que nele aumenta a
influência salutar da Igreja.