Legionário, Nš 740, 13 de outubro de 1946

7 Dias em Revista

Quando da queda da monarquia na Itália, tivemos ocasião de mostrar que a destruição do trono, abatendo um princípio secular de ordem e de autoridade, desenfrearia na Itália todas as ambições, todas as desordens, toda a demagogia que se exala das sociedades de post-guerra. É o que está se sucedendo. No Norte, de há muito a agitação política, e por vezes física, é endêmica. Agora, a onda se propagou até Roma, originando os distúrbios que ensangüentaram a cidade nos últimos dias. O sul católico e monarquista parece continuar ainda em ordem. Por quanto tempo? Ninguém pode dizer. Mas o certo é que o infortunado Sr. De Gasperi há de estar fazendo a esta hora amargas reflexões...

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Infelizmente, todo o caso não se resolve só em amarguras para o Sr. De Gasperi, mas em muito prejuízo e preocupação para a Santa Igreja. Assim, a onda de demagogia está crescendo tanto na Itália que, nas eleições municipais recentes, a votação católica sofreu decréscimo não pequeno, em proveito dos dois partidos com que o Sr. De Gasperi teima em continuar confiadamente "coligado", o socialista e comunista.

Quanto à votação católica, ainda há outra reflexão a fazer. Os votos católicos foram muito mais numerosos nos distritos em que a monarquia obteve maioria no plebiscito, informam-nos os telegramas. E menos numerosos nos distritos republicanos. O que prova muito bem que a maioria dos membros do partido do Sr. De Gasperi pensava de modo diverso dele, quanto ao procedimento a ser tomado em relação à Coroa.

O Sr. De Gasperi abusou, pois, do mandato que a confiança da parte mais sadia da Itália lhe conferiu por ocasião das eleições para a Constituinte. É esta a verdade evidente.

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Quanto à Inglaterra, aplaudimos calorosamente as enérgicas palavras com que o Sr. Winston Churchill na assembléia do Partido Conservador, estigmatizou a incapacidade e a deslealdade da política social do Partido Trabalhista. E, já que falamos sobre este malfadado partido, seja-nos lícito lembrar que até o momento o Sr. Attlee continua mudo sobre dois pontos que nos interessam fundamentalmente: a luta contra os squatters, e o pedido de Sua Eminência o Cardeal Griffin, Arcebispo de Londres, em favor de Mons. Stepinac.

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Aprovamos também a atitude do governo alemão da Baviera, que requisitou o Sr. von Papen, para o submeter a julgamento. Se a pena for suficientemente severa - queremos dizer que ela deve ser a pena capital - se desagravará com isto a consciência universal, ofendida pela excessiva brandura da atitude do tribunal de Nuremberg.

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Protestamos contra as injúrias feitas, provavelmente por socialistas e comunistas, contra o Sr. von Schuschnigg, que foi à Bélgica realizar várias conferências, bem como a propaganda hostil com que o aguardam em Paris os esquerdistas franceses.

A afirmação de que Schuschnigg é nazista, atirada contra ele pelos irresponsáveis das esquerdas, bem prova a que grau de desabrimento pode chegar o cinismo em nossos dias.

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Quando se trata de lutar contra a Igreja, todos os nossos inimigos se unem. Enquanto os comunistas exploram contra o Vaticano um falso pedido de clemência do Papa em favor dos criminosos de Nuremberg; o Sínodo da igreja protestante da África do Sul intercedeu pelos nazistas. E contra isto não nos consta que tenham protestado os russos.