Legionário, Nš 738, 29 de setembro de 1946

7 Dias em Revista

Nesta semana, poucas notícias houve sobre o movimento dos squatters na Inglaterra, índice suficientemente claro de que a onda continua a subir discretamente, conservando o Sr. Attlee, verdadeiro Kerensky inglês, os seus braços perpetuamente cruzados.

Ao mesmo tempo, idêntico movimento se organizou na Argentina, tendo os ocupantes dos prédios declarado que não o abandonarão senão pela força. O que fará o governo Peron? Aguardamos sua atuação com curiosidade.

De qualquer modo, vemos como repercutiu prontamente no Prata o que ocorreu no Tâmisa. Hoje o mundo é pequeno, e os acontecimentos têm em geral reflexos que passam de muito o âmbito estreito das fronteiras nacionais. Isto prova que não exageramos ao afirmar que o que sucedesse na Inglaterra poderia facilmente repercutir, se não na ordem concreta dos fatos, ao menos na ordem talvez mais importante dos princípios, em nosso Brasil.

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O Partido Comunista da Itália deliberou lutar energicamente a favor do laicismo de Estado na próxima Constituição. Desejamos saber como o Sr. De Gasperi conseguirá fazer sobreviver a coligação, a este golpe profundo. Provavelmente, fingindo que nada percebeu... e depois dirá sem dúvida que os católicos italianos que dissentiram dele para formar novo partido são uns richentos que discreparam de sua política sem nenhuma razão.

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Sobre as acusações pronunciadas pelo promotor iugoslavo contra o Arcebispo de Zagreb, Mons. Stepinac, não temos comentários a fazer: Jesus autem tacebat. A nosso ver, S. Excia. deve fazer como Dom Vital: calar-se. Primeiramente, porque o tribunal civil não tem competência para o julgar. E, em segundo lugar, porque acusações como aquelas não merecem refutação.

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Ao mesmo tempo que Mons. Stepinac é processado, Mons. Antônio Santin, Arcebispo de Trieste e Cabo d'Istria anunciou que cinco sacerdotes católicos foram forçados a abandonar a parte de Veneza-Giulia ocupada pelos iugoslavos por perseguição religiosa.

Tudo isto mostra bem a mentalidade dos comunistas, pensamos nós. Mas o Sr. De Gasperi, ao que parece, imagina que o comunismo, transpondo o Adriático, muda de espírito.

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Na França, agrava-se a cisão entre o Sr. De Gaulle e o Movimento Republicano Popular. Aguardamos o desenvolvimento da situação com o maior interesse.