Legionário, Nš 715, 21 de abril de 1946
7 Dias em Revista
Depreende-se claramente das discussões havidas no Congresso Socialista reunido na Itália que a união entre socialistas e comunistas é uma questão apenas de oportunidade.
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É, portanto, procedente a conclusão de que ambos os partidos são aliados da mesma causa, divididos apenas por uma razão de tática. E de nomes também.
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Tanto isso é verdade que um dos oradores declarou não ser conveniente a fusão, no momento atual, porque vários setores da população, sobretudo os homens do campo, são hostis ao comunismo.
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Para estes, estaria reservado o socialismo, que em geral não se apresenta com os processos violentos e de ação direta empregados pelo comunismo. Estamos, portanto, diante da tática fabiana seguida pelos mentores do Partido Trabalhista na Inglaterra.
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E nas ilhas britânicas parece que esse processo de solapamento deu tão bons resultados que o Sr. Harold Laski não mais vê necessidade de esconder a meta final dessa infiltração socialista feita com habilidade, sem dar nome aos bois.
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Declarou o Sr. Laski que os trabalhistas britânicos estão solidários com os seus "irmãos" soviéticos.
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Eis, portanto, mais uma vez confirmada a observação feita pelo O LEGIONÁRIO no sentido de que as desinteligências entre os vários grupos esquerdistas são apenas aparentes e em torno de pontos secundários. Quando chegar o momento azado, todos esses sectários se unirão. Aliás, já tivemos o exemplo histórico, em ponto pequeno, nas "frentes populares" da França e da Espanha.
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Enquanto assim se conspira a céu aberto no setor partidário, vemos no setor da política internacional se manifestar cada vez mais escandalosamente a audácia da "diplomacia" soviética, só comparável aos "golpes" espetaculares dos processos "diplomáticos" da Alemanha nazista.
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O representante soviético na ONU acusou a América do Norte de estar agindo de má fé na questão iraniana. O representante norte-americano respondeu que o seu governo só teve em mira o cumprimento da Carta das Nações Unidas. E acrescentou que a mudança de atitude do Irã se explica pela enorme pressão que a Rússia soviética exerceu sobre o governo iraniano, conforme despachos recebidos de Teerã.
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Não resta dúvida que as palavras hoje em dia estão perdendo completamente o sentido. Que valor, por exemplo, atribuir à expressão "má fé" quando proferida por um agente do governo de Moscou?
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Enquanto esta hipocrisia não for denunciada de frente, de nada valerão os tratados e as convenções entre as potências. Continuaremos apenas com uma inflação de tratados - tratados que serão desrespeitados ao primeiro pretexto de uma discutidíssima razão de Estado. Para o Sr. Laski, por exemplo, a questão russo-iraniana se limita ao seguinte: petróleo...