Legionário, Nº 699, 30 de dezembro de 1945

7 Dias em Revista

Está anunciado que o "Partido Comunista deliberou instalar em Pernambuco duzentas escolas primárias iniciando assim uma campanha contra o analfabetismo. Para tal fato foram mobilizados todos os organismos do Partido em Pernambuco". Di-lo a "Folha da Manhã" de 5ª. Feira pp.

A isto, não devemos responder com lamentações, mas com oração e ação. Há certas coisas que não se respondem só com palavras: um erro se rebate com uma verdade, uma palavra má com uma palavra boa. Por isto mesmo, uma atividade má só com uma atividade boa pode ser neutralizada.

Fica o fato entregue à meditação de nossos leitores.

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Reservamo-nos para comentar em outra edição os resultados das negociações de Moscou, tanto mais quanto até o momento em que escrevemos não foi publicado. Por enquanto nossas previsões são sombrias. Onde parece ter havido acordo, não percebemos bem que terreno se ganhou contra o comunismo. Assim, bem precisamente, quem capitulou no armistício chinês entre comunistas e anticomunistas? Em outros termos, os comunistas perderão terreno ou ficarão manhosamente com situações-chave, nas quais poderão, melhor ainda do que com armas na mão, continuar a propagar seus erros? No que diz respeito à bomba atômica, parece que a URSS ficou contente com o acordo a que se chegou. A que preço se comprou este contentamento? A pergunta que forçosamente se impõe é esta: os soviéticos se contentaram com belas palavras, ou ficaram sabendo algo do segredo da terrível arma? Mas, por outro lado, percebemos muito claramente o terreno que a URSS lucrou. Durante as negociações, a situação na Pérsia não se estendeu e na Turquia se tornou muito grave. Nos EE.UU. as greves se multiplicaram, e só um cego poderá não perceber os sinais digitais russos no que ali se passa.

Afinal, o que se fez em Moscou?

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Falamos em greve. E pensamos nas nossas. Não entramos no mérito dos motivos que levaram os operários à greve. Gostaríamos de saber, de modo muito exato, se nossa polícia não tem elementos para afirmar que o dedo russo está nisso. Talvez não seja oportuno fazer qualquer revelação ao público neste sentido. De qualquer modo, pensamos com terror no aspecto que isto toma quando os "os representantes consulares" da URSS se encontrarem espalhados um pouco por toda a parte no Brasil.

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No meio de tanta apreensão, uma nota de viva alegria. Com a reintrodução da Áustria no regime legal, e a vitória do Partido Cristão, a gloriosa nação católica ressurge para a vida internacional.

O "Legionário", que protestou energicamente contra o "Anschluss", se regozija com todo o ardor pelo auspicioso fato. E não deixa de lembrar a tese que sempre sustentou em matéria de política danubiana. Para a Igreja e para a Europa a única solução aceitável para a organização do centro europeu é a restauração do antigo estado habsburgeano e dual, com influência preponderante sobre a Alemanha também.

Viena é naturalmente fadada a ser um baluarte da Igreja contra o protestantismo prussiano, o semi-paganismo balcânico, e o ateísmo russo.

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Os jornais nos contam que a Catedral de Santo Estevão, em Viena, está sendo restaurada... por soldados protestantes ingleses!

E explicam que o histórico monumento fora queimado pelos nazistas, antes de abandonarem a cidade.

Em matéria de bestialidade, confere.