Plinio Corrêa de Oliveira

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Legionário, N.º 694, 25 de novembro de 1945

Em nossa última edição chamamos a atenção de nossos leitores para a atitude inqualificável dos comunistas chineses que vêm mantendo em guerra civil a sua desditosa pátria, estimulados e espezinhados pelos seus dirigentes de Moscou.

Nesta semana, positivaram-se de tal maneira os indícios de uma intervenção soviética na China, que nem os cegos lhe podem mais negar a realidade. O governo chinês dirigiu oficialmente uma interpelação às autoridades soviéticas em que elas são responsabilizadas pelo que ocorre na China. Os soviéticos, com aquele cinismo blandicioso de que detêm o segredo, responderam que estão desocupando todos os pontos estratégicos que tinham na China e que, portanto, não têm qualquer responsabilidade pelo que se passa. Como se fosse absurdo imaginar que eles auxiliam seus correligionários chineses. Ao mesmo tempo, informam que, à medida que os sovietes abandonam seus postos, são estes ocupados imediatamente pelos comunistas chins!

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Assim, a URSS acende a guerra na China. E faz o mesmo na Pérsia. A este respeito também, os discursos e debates na Câmara dos Comuns não deixam margem à menor dúvida. A zona persa convulsionada é precisamente a que foi ocupada pela URSS. Relatórios provenientes daquela região acentuam que a propaganda comunista foi ali tão bem feita, que quase todos os habitantes se tornaram bolchevistas. E a responsabilidade russa pelo caso é tão clara que o próprio governo persa já mandou uma embaixada à Rússia, tratar da cessação das hostilidades. Convém ainda lembrar que o partido que se revoltou é precisamente um partido conhecido por suas tendências esquerdistas e comunistas.

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À vista disto, é legítimo perguntar se os distúrbios muito graves que começam a se manifestar na Índia, e os próprios acontecimentos da Indonésia não têm, nos bastidores, algum impulso de Moscou.

É certo que na Índia o partido que se está opondo aos ingleses foi nipófilo durante a guerra. Mas do que vale este argumento? Há uma verdade que nunca será supérfluo relembrar. Quando os alemães invadiram a França, as relações entre a URSS e o Reich eram cordiais. Ambos digeriam pacificamente, lado a lado, os restos da desditosa Polônia. Nessa ocasião, o que nos revelaram os telegramas? Lembram-se disto os leitores do "Legionário", pois comentávamos e acentuávamos o fato de todos os modos. Os telegramas nos revelaram que os numerosos dirigentes do Partido Comunista Francês tinham contato, e auxiliavam ativamente os invasores... nazistas. Eram típicas aquelas, em que ainda era recente o "aperto de mão" Ribbentrop-Molotov.

* * *

Gostamos, pois, muito e muito da tese que o Sr. De Gaulle sustentou, quando se recusou a entregar inteiramente e sem controle, algum ministério-chave de sua gloriosa pátria, a comunistas. Sua tese foi que os acontecimentos internacionais tem sido tais que é muito explicável que a Grã Bretanha e os Estados Unidos não se fiem de um governo francês onde haja comunistas em posição de destaque.

De Gaulle acha compreensível, explicável, normal, que se tenha a maior desconfiança dos sentimentos patrióticos de qualquer comunista francês...

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Mas voltemos à China e à Pérsia. Ali, a URSS levanta o facho da discórdia. No Ocidente, o que faz? Deglute pacificamente a Europa centro-oriental. Só isto? Não. Clama contra o monopólio da bomba atômica.

Haverá maior cinismo do que este?

Hoje, fala-se em cortesia francesapontualidade britânicacavalheirismo espanhol, etc., etc. Dia virá em que se falará também em cinismo soviético.

Cinismo pasmoso, na verdade, que só teve um "símile" no mundo: o cinismo nazista.

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Por tudo isto, achamos simplesmente inconcebível que a Inglaterra tenha transigido na questão do plebiscito para se apurar desde logo as preferências dos gregos na questão monarquia-república.

Democraticamente falando, não há processo mais liso para normalizar a situação de um país. É bem óbvio que a protelação do problema, debilitando a monarquia, favorecerá somente os comunistas. Foi o que o Rei Jorge VI deixou transparecer em sua excelente proclamação. E tem toda razão.


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