Legionário, N.º 689, 21 de outubro de 1945
7 Dias em Revista
Chamamos a atenção de nossos leitores para este importante e oportuno aviso da Cúria Metropolitana.
Comunicado da Cúria Metropolitana - Os católicos e o momento político
Para evitar equívocos, a Junta de Liga Eleitoral Católica de São Paulo publica a nota, distribuída ontem pela Liga Eleitoral Católica do Rio, aprovando em tudo os dizeres da mesma:
"Tendo aparecido nos jornais a notícia da formação da chapa de um partido político com a menção de um candidato ao Conselho Federal como tendo sido "indicado" pela Liga Eleitoral Católica, desejamos esclarecer que não há fundamento na mesma.
"A Liga Eleitoral Católica não tem candidatos próprios às próximas eleições e nem os indica aos partidos. Estes é que espontaneamente podem incluir em suas chapas candidatos que por sua posição pessoal nos meios católicos podem merecer espontaneamente maior simpatia do eleitorado católico.
"A Liga Eleitoral Católica está aguardando a apresentação oficial da chapa dos diversos partidos para fazer a estes as necessárias consultas sobre o seu programa mínimo, para depois, segundo as respostas recebidas, orientar o seu eleitorado. Não há pois, até agora, nem partidos nem candidatos "indicados" pela Liga Eleitoral Católica e, em momento oportuno serão todos aqueles que concordarem com o seu programa de idéias e oferecerem garantias morais de o cumprirem".
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Estas diretrizes, que são de uma clareza insofismável, consubstanciam perfeitamente as palavras pronunciadas por S. Excia. Revma. o Sr. Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, Arcebispo Metropolitano, na reunião da Liga Eleitoral Católica, que se realizou na manhã de domingo pp. Análoga atitude assumiu a Liga Eleitoral Católica do Rio de Janeiro.
Cumpre, pois, seguir com absoluta fidelidade as instruções da Autoridade Eclesiástica em assunto de tanta monta.
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O "Legionário" tem falado insistentemente no perigo muçulmano na Ásia e na África. Esta semana, as notícias telegráficas nos informam que a situação no Oriente Próximo tende-se a agravar em conseqüência da evolução rápida que está tendo outro problema: a dos judeus.
De um lado, uma alta personalidade do movimento sionista, Sr. R. Zaslani, da "Agência Judaica" declarou que dezenas de milhares de judeus, de toda Europa, então dispostos a fretar, comprar e até roubar (sic) navios para irem a Palestina, fixar residência. E acrescenta que se na Palestina lhes quiserem impedir o desembarque, os judeus já fixados na Terra Santa se revoltarão. De outro lado, uma "emissora secreta Voz de Israel" anunciou que os judeus da Palestina libertaram duzentos prisioneiros retidos em campos de concentração na Ásia, ao sul de Haifa. E diz que entraram "em um novo período" na Palestina as manifestações hebraicas, que passarão para o terreno da "resistência ativa".
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Para nós, católicos, a situação é bastante triste. Porque os Lugares Santos não são, nem dos judeus, nem dos muçulmanos, mas dos cristãos, e deveriam estar sob a jurisdição direta da Santa Sé, bem como sob proteção militar especial das nações cristãs.
Até há pouco, muçulmanos e judeus ali conviviam num regime de vizinhança pacífica. Pacífica, sim, no sentido de que raramente se agrediam à viva força, se bem que se combatessem "totto corde" no terreno político. A divisão desses dois adversários fortalecia a posição cristã.
Agora, entretanto, a situação mudou. Ambos os contendores aspiram a um domínio absoluto e incontrastável naquela região. Enquanto um dos dois não vencer, manterão tudo em perpétua agitação. Vencendo, estará senhor da situação o vencedor. E, neste dia, o que será feito dos direitos cristãos?