Legionário, N.º 685, 23 de setembro de 1945
7 Dias em Revista
Publicamos hoje uma parte dos relatos referentes ao que sucedeu no campo de concentração de Belsen. Todo o valor destes relatos está em que não provém de vítimas inclinadas evidentemente ao exagero, mas de autoridades militares que falam com a responsabilidade de seus cargos e organizam um inquérito em que, segundo todas as formas jurídicas, se ouvem depoimentos que o sensacionalismo jornalístico não pode deformar.
Ora, o que esses depoimentos nos narram é terrível. Terrível a ponto que o leitor chega a não compreender que a simples maldade humana possa ir tão longe. Nem mesmo os martírios sofridos pelos primeiros cristãos se podem comparar ao que sofreram as vítimas de Belsen. É um abismo que se abre aos nossos olhos.
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E no fundo desse abismo há muito que ver. Com efeito, a simples perfídia humana não é bastante para explicar o que em Belsen se passou. Há ocasiões em que o demônio se mostra. Só um ódio satânico poderia inspirar os tormentos de Belsen. O bafo que constitui o que há de mais característico na atmosfera dos campos de concentração è, sem dúvida, um bafo do inferno.
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A este propósito, não podemos deixar de fazer uma reflexão. É a respeito dos princípios a que nos podem arrastar uma caridade mal compreendida. Quando o "Legionário" empenhava todos os seus esforços no combate ao totalitarismo da direita, e dava "nome aos bois", afirmando sem rebuços a mentalidade desse regime com o totalitarismo da esquerda, não faltou quem nos censurasse porque "faltávamos com a caridade". Mostramos então, que o primeiro dever de caridade não é para com o algoz, mas para com as vítimas, e que estas tinham o direito de contar com o apoio da opinião católica no mundo inteiro.
Agora se vê de modo irrecusável até que ponto era isto verdade...
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Registramos com simpatia a notícia da visita que o inventor da penicilina fez ao Santo Padre, ao qual ofertou durante a audiência, um frasco contendo o remédio por ele descoberto.
A Santa Sé foi, em todos os tempos, animadora da ciência, e todo o coração católico deve alegrar-se ao ver essa homenagem prestada pela verdadeira ciência à verdadeira Igreja.
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Em nossa última edição, demos uma nota contra a possível colocação de obras de escultura imorais em logradouros públicos dessa capital. Ao que parece, não se fala mais no assunto. Folgamos em registrar tal.