Legionário, N.º 684, 16 de setembro de 1945
7 Dias em Revista
Gostariam muitos que déssemos crédito à propalada cessação do imperialismo soviético. A URSS, fechando a III Internacional, teria renunciado inteiramente à sua expansão pelo mundo. Os vários partidos comunistas espalhados pelo universo teriam, pois, uma direção meramente nacional e autocéfala. E não haveria mais receios possíveis contra o Kremlin.
No último número, mostramos a que ponto essas fantasias podem iludir: comentamos o caso de um líder trabalhista inglês que propunha que se entregasse à URSS... a própria bomba atômica!
Veremos hoje, sob outro aspecto, como é inconsciente qualquer otimismo sobre as intenções soviéticas.
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Ninguém pode negar, aos americanos, uma simplicidade política que por vezes toca às raias da ingenuidade. Assim, quando chegam a fazer uma acusação, formular uma suspeita, é porque os motivos para tal não são apenas dos que os olhos mais penetrantes podem perceber à custa de atenção, mas saltam aos olhos de qualquer observador.
Ora, no Senado Americano, o Sr. Tomas Gordon, membro da subcomissão das Relações Exteriores, acusou fortemente a URSS de estar utilizando todos os recursos da UNRRA para bolchevizar a Europa Oriental. E pediu enérgicas providências contra o mal. A voz do congressista ianque não ficou isolada. Por sua vez, o Sr. Ryter, membro da mesma comissão, denunciou as irregularidades da URSS nos países ocupados da Europa, e seu espírito de proselitismo. E concluiu, como seu colega, por pedir enérgicas medidas.
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Tudo isto prova à saciedade que os propósitos soviéticos são absolutamente desleais, e que o fechamento da III Internacional não foi senão um expediente para ocultar melhor a expansão mundial do comunismo.
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Julgamos absolutamente essencial que os Aliados façam declarações peremptórias acerca do paradeiro de Hitler. Morreu ele na Chancelaria ou não? Há razões para se recear que esteja vivo? De quando em quando, aparecem no noticiário internacional informações contraditórias sobre o assunto. De modo muito geral, porém, dados os progressos da cirurgia plástica, ninguém pode negar que ele teria meios de alterar sensivelmente o próprio rosto e fugir. Que indícios há de que tal ocorreu?
A propaganda soviética, sempre astuta, se apoderou do tema e procura criar a impressão de que só ela é verdadeiramente sequiosa de elucidar o assunto. Para lhe quebrar esta arma política - mas sobretudo para evitar quanto possível que o monstruoso ditador pardo reapareça no cenário - seria essencial que a Inglaterra e os EUA fizessem declarações oficiais sobre o assunto. Tanto mais quanto, francamente, declarações russas ou nada é a mesma coisa.