Legionário, N.º 683, 9 de setembro de 1945

7 Dias em Revista

Muito se tem insistido no Brasil, sobre as ligações do Partido Comunista com Moscou, e os perigos que essas ligações podem trazer. Temos hoje, um exemplo frisante para ilustrar esse risco.

Ninguém ignora que a posição do Partido Trabalhista Britânico perante a questão social é menos definida que a dos comunistas. Existem naquele Partido tendências de toda ordem, que vão desde uma política social larga, mas prudente, até o mais categórico extremismo. Como se vê, a coisa é menos péssima que o Partido Comunista.

Entretanto, nessa "coisa menos péssima", veja-se que delírios o fanatismo esquerdista pode suscitar. Um trabalhista de relevo que foi durante 19 anos funcionário da Sociedade das Nações, "proferiu violento discurso tornando claro que o governo não deveria fazer com a bomba atômica um jogo político anglo-americano contra a União Soviética", pelo que "instou para que a Grã Bretanha e os Estados Unidos entregassem o segredo da bomba atômica à União Soviética..." São termos da própria United Press.

Em outros termos: uma acusação à própria pátria, dirigida no momento por seus próprios correligionários, de estar "fazendo um jogo político" contra os soviéticos, os quais como é bem óbvio (!) não fazem nenhum jogo político. Em segundo lugar, a proposta de se entregar aos russos uma arma mediante a qual poderão, em pouco tempo arrasar Londres.

Pode-se excogitar um fato que fale mais claro, sobre o desfibramento em que ficam os sentimentos patrióticos, sob a pressão de certas ideologias?

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Segundo um telegrama da Reuters, os sovietes não estão perdendo tempo na Checoslováquia, e estão prosseguindo ativamente na bolchevização do país. É o que se deduz do que informa um telegrama: toda a indústria pesada será, ao que parece, nacionalizada. No momento, a preocupação mais imediata é a nacionalização das fábricas de calçado. Tudo isto é feito para que se algum dia os sovietes tiverem de abandonar aquela infeliz nação, as transformações em sua estrutura econômica, no sentido da esquerda, tenham sido tais, que seja necessário uma força hercúlea para recolocar em reta disposição a ordem social.

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No "Estado de São Paulo", lemos uma vistosa notícia sobre as "As estátuas na ornamentação das ruas de São Paulo". Em resumo, a notícia informava que o Sr. Prestes Maia considera extremamente pobre a nossa cidade, no que diz respeito a obras de arte. E nisto tem toda razão. Acrescentava que para remediar o mal, S. Excia. encomendaria várias estátuas. E nisto merece aplauso. Mas, finalmente, acrescentava uma fotografia absolutamente indecente, ocupando quatro colunas do jornal. A notícia não informava se era esta, uma das estátuas que o Sr. Prestes Maia pretende adquirir para "embelezar" a cidade. Mas, em caso afirmativo, a notícia é simplesmente lamentável.

Gostaríamos que a Prefeitura Municipal dissipasse nossas apreensões.