Legionário, Nº 671, 17 de junho de 1945
7 DIAS EM REVISTA
Plinio Corrêa de Oliveira
No recente discurso do Sr. Henriot, presidente da Câmara dos Deputados e antigo primeiro-ministro da França, lemos a seguinte declaração, profundamente melancólica:
"Somos uma pequena nação, com uma população de 40 milhões de habitantes, entre Estados de 150 milhões de habitantes, como a Rússia e de 125 milhões, como os Estados Unidos."
"Uma pequena nação". De quem se diz isto? Da França, da primogênita da Igreja, da qual se poderia dizer as palavras bíblicas: "nação de uma beleza perfeita, alegria e glória do mundo inteiro".
E por que isto? Porque as desobediências às Leis do Criador minguou pela fecundidade das fontes da vida. E sobre suas terras desertas baixou a desolação da esterilidade.
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Infelizmente, porém, não é só do Sr. Henriot que ouvimos semelhante confissão. Falando recentemente pela rádio, o Sr. Winston Churchill teve as seguintes palavras:
"As estatísticas de nossa futura população constituem uma das poucas formas de previsão que a matemática nos proporciona. Já em 1945 temos muito menos jovens de menos de 20 anos do que tínhamos em fins da última guerra. Estamos certos, e esta certeza é de caráter absolutamente prático, de que dentro de 30 anos estas Ilhas conterão número maior de pessoas de mais de 65 anos do que qualquer outro núcleo da população britânica."
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A gravidade destas palavras salta aos olhos. No belo discurso com que comemorou o fim da guerra, o Sr. Winston Churchill disse que a imensidade do império britânico cabe dentro do círculo de ouro da coroa inglesa. Mas o ouro dessa coroa não é senão um símbolo. O verdadeiro ouro real dentro da qual se contem o Império é a inteligência e a capacidade de trabalho, de iniciativa, de luta, de organização, dos súditos britânicos. Haverá espetáculo mais alarmante e mais ameaçador do que ver que a nação que se encontra no ápice de tão imensa pirâmide de povos, começa a fenecer em sua fecundidade? O que pressagia isto para a durabilidade e solidez de todo o edifício?
Entretanto, o "premier" britânico acentua: "Se os casais deste país não constituírem famílias maiores no futuro do que antes dessa guerra, dentro de 30 anos, haverá uma proporção menor de crianças de menos de 15 anos e uma proporção ainda menor de homens e mulheres jovens que terá de arcar com o principal peso da indústria, da agricultura e da defesa".
Terríveis prognósticos na verdade, que mostram o perigo a que se expõem os povos que se afastam de Deus.
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A este respeito convém pensar no Brasil e lembrar um ensinamento da Igreja. As duríssimas punições por que passa presentemente a Alemanha, ilustram com clarão trágico o que a Igreja ensina a este respeito.
As nações não são como os indivíduos. Estes, depois de mortos, podem receber o prêmio ou o castigo de seus atos pelo que muitas vezes Deus não lhes retribui aqui ou o bem, ou o mal que fazem.
Mas os povos desaparecerão com o Juízo Final, e devem receber ainda neste mundo a paga pelo que fazem.
É obvio que, por mais pesados que sejam os pecados de certos povos, não atingem o grau de perversidade da apostasia nazista. Ao sumo delito tocou o máximo castigo. Mas isto não quer dizer que também nós, que felizmente não nos distanciamos tanto de Nosso Senhor, não tenhamos muito que recear de Sua Justiça pelo decréscimo da natalidade de nossas grandes cidades. Pensemos no Brasil e no mundo inteiro, e rezemos ardentemente, neste mês do Coração de Jesus, pela fecundidade e santidade das famílias.