Legionário, 1° de abril de 1945
7 DIAS EM REVISTA
Plinio Corrêa de Oliveira
A cidade andou alvoroçada há dias atrás, pelos boatos de que a Alemanha pedira a paz. Uma expectativa jubilosa encheu os corações. Nas casas, nos lugares de diversão, nos clubes, sintonizaram os rádios. Tilintaram os telefones das redações de jornal. E... por fim não passava tudo de boato.
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O boato não deixava de ter algum fundamento. O êxito das forças aliadas, no front ocidental, é tão acentuado que justifica as esperanças mais róseas. Os Aliados avançam a passo de gigante, e o bombardeio aéreo não cessa de flagelar os nazistas. Assim, um colapso pode sobrevir a qualquer momento.
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Esses êxitos anglo-americanos devem estar causando um sentimento de desaponto aos corifeus da propaganda da Rússia. Os soviéticos estão parados. Os Aliados enfrentam, sós, toda a força de resistência nazista. E, transposta a Siegfried, essa resistência vai afundando como uma barreira de papelão afundaria sob a pressão de um aguaceiro.
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Os triunfos aliados vêm bem a tempo. Quebram os dentes à propaganda soviética que ria desdenhosamente da "impotência das nações burguesas", e atribuía exclusivamente à URSS todos os louros da vitória.
Vê-se claramente, agora, que os Aliados tinham obstáculos muito sérios a vencer. Isto feito, com menos brilho para a galeria mas quiçá com mérito maior, estão obtendo os triunfos mais indiscutíveis.
E com isto se esvai o fantasma do predomínio soviético.
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E, já que falamos em comunismo, não queremos deixar de registrar a alegria que nos causa o evidente amortecimento por que passam as negociações concernentes ao reatamento russo-brasileiro.
Esse acontecimento diplomático estava sendo esperado pela propaganda soviética como quem espera a abertura de uma "nova era" na história da bolchevização da América.
Mas, graças a Deus, parece que foi tudo posto "au ralenti".
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A respeito da política espanhola, certa imprensa tem tomado atitudes verdadeiramente inexplicáveis. De um lado, exige a pronta abolição do regime franquista. De outro, manifesta-se indignada pelas "démarches" do Príncipe Don Juan em favor da restauração monárquica.
Ora, quem conhece um pouco de política espanhola sabe que, indiscutivelmente, na Espanha o que há em matéria de republicanos são só os comunistas e os "socialistas avançados". Fora disto, na fauna republicana existe apenas um ou outro burguês moderado à Kerensky, sem energia nem expressão, incapaz de instaurar e fixar em moldes anticomunistas o regime republicano.
Isto posto, se se deseja que a Espanha, sem descambar ao comunismo tome rumos diversos, como evitar que ela se torne monarquista?
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E para que evitar? É preciso não ter "tabus". A forma de governo monárquica é absolutamente tão legítima quanto a aristocrática ou a democrática. É este o ensinamento da Igreja. Por que, então, censurar um país que, no exercício de seus direitos soberanos, prefere a monarquia como a melhor fórmula para resolver seus problemas internos?