Legionário, 11 de março de 1945

7 DIAS EM REVISTA

Plinio Corrêa de Oliveira

Ementa: Pe. Ascanio escreve sobre ação política dos fiéis. Submissão dos fiéis à Hierarquia.

 

 

Nosso distinto colaborador, Revmo. Pe. Ascanio Brandão, enviou-nos de São José dos Campos um artigo claro, documentado e seguro sobre a doutrina católica em face da ação política dois fiéis. Escrita naquele estilo acessível e atraente que é a característica literária de S. Revma. tal artigo será, por certo, de grande proveito para nossos leitores.

Publicamo-lo na secção "Pregando e Martelando".

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Como já escrevemos anteriormente, pertence à Hierarquia Eclesiástica não somente ensinar os princípios, mas determinar sua aplicação a este ou aquele caso concreto. Dada a freqüência com que as paixões políticas obnubilam os espíritos, e os aspectos pessoais obscurecem os aspectos doutrinários dos problemas ventilados na vida cívica, dada sobretudo o empenho de todas as correntes políticas, em fazer constar que tem o apoio da Igreja - o que, ao menos em época de eleição muito desejam - os católicos tem o maior empenho em conhecer a posição da Autoridade Eclesiástica no assunto.

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Por isto, chamamos a atenção de nossos leitores sobre a entrevista concedida por S. Excia. Revma. o Sr. D. Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, Arcebispo Metropolitano, ao "Diário de São Paulo". Depois de manifestar seu desejo de um tranqüilo desenvolvimento do pleito eleitoral e de ter palavras de aplausos à FEB e aos Capelães militares que a acompanham, S. Excia. se referiu ao Capelão militar recentemente falecido na Europa e ao seu antigo secretário, Revmo. Pe. Manoel Inocêncio, que presentemente se encontra na FEB como Capelão. Em seguida forneceu a seguinte declaração por escrito ao repórter dos "Diários Associados":

"No grave momento nacional em que estamos vivendo, nada diremos senão no caso de um pronunciamento coletivo do Episcopado Brasileiro. Nem autorizamos a quem quer que seja a fazer qualquer declaração em nosso nome. Estamos fora e acima dos partidos políticos, rezando pela nossa querida pátria."

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Essas palavras definem para os fiéis um duplo dever. De um lado, devem eles conservar a disposição interior muito firme, de seguir algum possível pronunciamento coletivo de nosso Episcopado, e isso não só no caso de tal pronunciamento coincidir com seus desejos, como na hipótese de que esse pronunciamento entre em colisão com suas preferências pessoais. Em segundo lugar, não devem querer subordinar a Autoridade a seus pontos de vista, de sorte a criar a impressão de que a Autoridade tomou ou tomará posição deste ou daquele modo. A Autoridade só se pronunciará se entender oportuno. E o fará por forma que não deixe aos fiéis a mínima dúvida de que é ela mesma que se está pronunciando. Assim, pois, aguardemos a palavra do Episcopado Brasileiro, que, se este o entender necessário, no-la dará clara e oficialmente.

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Isto na ordem da ação. Mas existe também a oração. "Também"... a expressão não é talvez muito correta. A oração não é o acessório, é o principal. Existe sobretudo a oração. Rezemos ardentemente, em união com a Hierarquia, pelo nosso caro Brasil. Será sempre o que teremos de melhor, a fazer por nosso País.