Tudo quanto diz respeito ao futuro da Itália interessa
diretamente à opinião católica, não somente pela importância desse país na
Cristandade, como pela natural repercussão de todos os acontecimentos ocorridos
em território italiano, na vida e atividades do Sumo Pontífice.
Assim, pois, acompanhamos com a maior atenção o
rumo que vão tomando os acontecimentos naquele país e estamos certos de que
toda a opinião católica brasileira partilha de nosso interesse pelo assunto.
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Precisamente por isto, devemos reduzir a seus
verdadeiros termos a entrevista dada pelo Príncipe Humberto, lugar-tenente do Rei da Itália, a um jornal americano, o
“New York Times”. Nessa entrevista, o herdeiro da
Coroa italiana se manifesta favorável à instauração da monarquia constitucional
representativa. Nada mais natural. O fascismo fracassou. A monarquia italiana,
símbolo das tradições nacionais, deve continuar e, por conseguinte, deve
amoldar-se a uma organização político-social diversa.
Entretanto, a aceitação dessa modalidade
governamental pelo Príncipe Humberto não significa, em si mesma considerada,
nenhuma concessão ao socialismo de Estado, e muito menos ao comunismo. Pelo contrário,
passando do socialismo fascista para um regime liberal, a Itália se distancia
do socialismo marxista.
Assim, a frase do jornal nova-iorquino, de que a
monarquia italiana “deve mover-se para a esquerda” não está de modo nenhum
conforme com as transformações que se projetam na Itália, e, muito menos, com a
índole e espírito do regime monárquico.
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Ninguém ignora a grande importância do problema do
petróleo, na política internacional de nossos dias. Assim, tem considerável
alcance as discussões travadas atualmente pelos governos persa, soviético,
americano e inglês, em torno da posse e aproveitamento das jazidas petrolíferas
que se encontram em território iraniano, ou persa.
Essas jazidas são imensas, e constituem uma riqueza
considerável. Em tempo de guerra, podem influir decisivamente no curso das
operações militares. São, portanto, uma das chaves do mundo. A potência que
sobre elas deitar mãos, terá só por isto uma importância internacional.
E, como as várias nações encarnam ideologias e tendências
muito diversas, como os rumos ideológicos e religiosos do mundo poderão variar
conforme um eventual acréscimo ou decréscimo da influência dos sovietes, dos
muçulmanos persas, dos americanos, e ingleses, acontece que... o problema da
posse do petróleo tem uma conexão vital, se bem que indireta, com os mais altos
problemas ideológicos e religiosos de nossos dias. E, portanto, a questão nos
diz respeito, como católicos.
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Os sovietes cobiçaram os poços petrolíferos
iranianos. Os persas se recusaram a fazer-lhes as "concessões" -
entenda-se "capitulações" - exigidas. O governo soviético resolveu
"considerar inamistoso" o gesto dos persas.
E estes bem pouco se incomodam com o ocorrido. De onde estrondoso fracasso da
diplomacia soviética na Ásia, e manifesta afirmação de que a Ásia não procederá,
diante da expansão comercial e ideológica dos sovietes, como uma "terra de
ninguém".
Ora, isto é ótimo.
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O LEGIONÁRIO tem acentuado freqüentes vezes a
importância crescente que vai tendo o mundo muçulmano. Os dois pólos em torno
dos quais se vai formando a unidade muçulmana são o Irã - ou Pérsia - e o
Egito. O insucesso do "drang"
moscovita rumo à Pérsia prova claramente o grau de influência e de poder a que
o mundo muçulmano está chegando. Ora, isto não é ótimo.
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Os Estados Unidos aceitaram com
sôfrega satisfação a decisão persa, vendo nela um meio de subtrair os cobiçados
poços à influência soviética, e considerando em tudo isto os meios com que de
futuro os poços venham a ser aproveitados para a indústria e os reservatórios
militares da América do Norte. Se isto se desse, não seria das piores coisas,
já que em fim de contas, e apesar dos pesares, os americanos oporiam ao esforço
missionário obstáculos muito menores do que os muçulmanos ou os bolchevistas.
Mas a Inglaterra foi muito mais
reservada. Ora, isto é sintomático.
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Por que? Dar-se-á o caso de estarem as autoridades
persas mancomunadas com os americanos, de sorte que a Inglaterra se tenha
sentido tão "espoliada" quanto os sovietes, com a deliberação
iraniana? Não sabemos. O certo é que a recusa persa baseou-se em um princípio
muito explicável em última análise, mas que terá causado em Downing
Street, onde se é tão mais sutil, perspicaz, ágil de espírito
que na Casa Branca, uma impressão desagradável. A Pérsia alega que só depois
da guerra fará concessões. Isto é, negociará essas concessões. Pô-las-á em
leilão por preços exorbitantes. Ou... negociará ela mesma seu próprio petróleo,
sem o conceder a quem quer que seja, e fazendo desde logo do mundo muçulmano
uma das maiores potências petrolíferas de nossos dias.
Não estará nisto, a razão mais profunda do sábio
retraimento da Grã-Bretanha?