Acolhemos com sincera satisfação a abolição das
medidas restritivas até aqui em vigor em nosso país contra os súditos
italianos.
Velho adversário do fascismo o LEGIONÁRIO sempre
distinguiu o povo italiano do regime político-social totalitário que o oprimia,
e, verberando embora esse regime, timbrou sempre em manifestar sua admiração
pelo povo italiano, pela amplitude e brilho de seu papel na vida da Igreja e da
civilização cristã.
Era, pois, com o maior pesar que nos víamos na
contingência de atacar as instituições e o governo de uma nação que continuava
a ter nossa simpatia e, mais do que isto, nossa admiração. Esse pesar subiu de
ponto quando o governo fascista, prestando-se mais uma vez ao papel de joguete
do nazismo, deixou-se arrastar ao estado de guerra contra o Brasil.
Mas a Itália fascista não era a
verdadeira Itália, não era a Itália de Pio XI, a Itália de Dom Sturzo, a Itália cristã, conservadora, latina, a Itália genuína.
Essa Itália não foi fascista, e ressurgiu dos escombros do fascismo, para bem
próprio, bem da Igreja, bem da humanidade. E agora, já definitivamente rompidos
os grilhões fascistas, entra para o concerto das nações amigas que se aprestam
a reorganizar o mundo de amanhã. Saudando essa Itália genuína, saudamos com
afetuosa efusão a colônia laboriosa, ordeira, amiga do Brasil, que assim
retorna à plena normalidade jurídica dentro da vida social brasileira.
* * *
Causam-nos apreensão as notícias provenientes da
Espanha. A princípio bastante
alarmantes e confusas, essas notícias faziam entender que uma incursão de
elementos esquerdistas, refugiados em solo francês, haviam posto em pé de
revolta contra o governo de Madri numerosas
localidades da fronteira. Depois, a insurreição se teria generalizado por todo
o território espanhol, provocando lutas um pouco por toda a parte. Mais tarde,
as notícias se tornaram menos alarmantes e, por fim, chegaram a parecer
absolutamente tranqüilizadoras. O perigo comunista parece, pois, afastado do
território ibérico.
* * *
E felizmente. Com efeito, poucos acontecimentos
poderiam ser mais desastrosos neste momento do que um novo surto comunista na
Espanha. A constituição de uma zona de influência soviética no Ocidente europeu
já seria por si um mal terrível. Ademais, a capacidade de expansão na América
espanhola, que adquiriria com isto o comunismo, constituiria outro gravíssimo risco. Assim, pois, se bem
que não sejamos admiradores incondicionais do regime franquista,
e até estejamos muito longe disto, pensamos que o mundo só teria a perder com a
substituição desse regime pelo comunismo. E pensamos ainda que qualquer pessoa
de bom senso deve entender assim a situação, de acordo, aliás, com a orientação
da Santa Sé e do Episcopado espanhol.
* * *
Não podemos encerrar estas notas, sem uma reflexão
sobre a Polônia. A nação polonesa é um
membro do Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo. Devemos, pois, pensar
nela com toda a solicitude que tem, uns para os outros, os membros de um mesmo
corpo, e de que Corpo!
Que será feito da Polônia? Quando se levantará
sobre este importantíssimo problema o véu que sobre ele desceu desde a
conferência de Moscou?
Rezemos. A oração confiante desloca montanhas, e
diante da onipotência da prece cristã todo o poderio soviético vale tão pouco
quanto um grão de areia.