Legionário, N.º 638, 29 de outubro de 1944

7 DIAS EM REVISTA

Acolhemos com sincera satisfação a abolição das medidas restritivas até aqui em vigor em nosso país contra os súditos italianos.

Velho adversário do fascismo o LEGIONÁRIO sempre distinguiu o povo italiano do regime político-social totalitário que o oprimia, e, verberando embora esse regime, timbrou sempre em manifestar sua admiração pelo povo italiano, pela amplitude e brilho de seu papel na vida da Igreja e da civilização cristã.

Era, pois, com o maior pesar que nos víamos na contingência de atacar as instituições e o governo de uma nação que continuava a ter nossa simpatia e, mais do que isto, nossa admiração. Esse pesar subiu de ponto quando o governo fascista, prestando-se mais uma vez ao papel de joguete do nazismo, deixou-se arrastar ao estado de guerra contra o Brasil.

Mas a Itália fascista não era a verdadeira Itália, não era a Itália de Pio XI, a Itália de Dom Sturzo, a Itália cristã, conservadora, latina, a Itália genuína. Essa Itália não foi fascista, e ressurgiu dos escombros do fascismo, para bem próprio, bem da Igreja, bem da humanidade. E agora, já definitivamente rompidos os grilhões fascistas, entra para o concerto das nações amigas que se aprestam a reorganizar o mundo de amanhã. Saudando essa Itália genuína, saudamos com afetuosa efusão a colônia laboriosa, ordeira, amiga do Brasil, que assim retorna à plena normalidade jurídica dentro da vida social brasileira.

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Causam-nos apreensão as notícias provenientes da Espanha. A princípio bastante alarmantes e confusas, essas notícias faziam entender que uma incursão de elementos esquerdistas, refugiados em solo francês, haviam posto em pé de revolta contra o governo de Madri numerosas localidades da fronteira. Depois, a insurreição se teria generalizado por todo o território espanhol, provocando lutas um pouco por toda a parte. Mais tarde, as notícias se tornaram menos alarmantes e, por fim, chegaram a parecer absolutamente tranqüilizadoras. O perigo comunista parece, pois, afastado do território ibérico.

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E felizmente. Com efeito, poucos acontecimentos poderiam ser mais desastrosos neste momento do que um novo surto comunista na Espanha. A constituição de uma zona de influência soviética no Ocidente europeu já seria por si um mal terrível. Ademais, a capacidade de expansão na América espanhola, que adquiriria com isto o comunismo, constituiria outro gravíssimo risco. Assim, pois, se bem que não sejamos admiradores incondicionais do regime franquista, e até estejamos muito longe disto, pensamos que o mundo só teria a perder com a substituição desse regime pelo comunismo. E pensamos ainda que qualquer pessoa de bom senso deve entender assim a situação, de acordo, aliás, com a orientação da Santa Sé e do Episcopado espanhol.

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Não podemos encerrar estas notas, sem uma reflexão sobre a Polônia. A nação polonesa é um membro do Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo. Devemos, pois, pensar nela com toda a solicitude que tem, uns para os outros, os membros de um mesmo corpo, e de que Corpo!

Que será feito da Polônia? Quando se levantará sobre este importantíssimo problema o véu que sobre ele desceu desde a conferência de Moscou?

Rezemos. A oração confiante desloca montanhas, e diante da onipotência da prece cristã todo o poderio soviético vale tão pouco quanto um grão de areia.