Legionário, N.º 637, 22 de outubro de 1944

7 DIAS EM REVISTA

Infelizmente, confirmaram-se as previsões pessimistas da imprensa portuguesa, e de um grande diário de New York: a visita do Sr. Churchill a Moscou não surtiu os resultados que se esperavam, ao menos quanto à Polônia. Certos títeres da política polonesa, que constituem um "governo" sovietizante de "quislings" vermelhos, continuam "intransigentes" ante as propostas britânicas. Usando uma expressão popular, seria o caso de perguntar: intransigentes, com que roupa? De onde lhes veio força para essa “intransigência”? Quem são eles para transigir ou não transigir? A coisa é clara. Só o apoio soviético poderia dar-lhes meios para manter sua atitude. É, pois, o bolchevismo que não aceita as sugestões da Inglaterra.

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E que sugestões são essas? Quando o nazismo desfechou contra a Polônia sua grande investida, a Inglaterra e a França entraram em guerra, a fim de garantir a integridade do território polonês. Não vale a pena relembrar coisas já sabidas: o auxílio aliado não teve a eficácia desejável, e a Polônia só tinha uma salvação: a Rússia. Que fez esta? Assinou o infame pacto de partilha com o III Reich, que deixava o nazismo senhor de importantes territórios na Europa Oriental, e com os braços livres para combater na frente ocidental. Por fim, Hitler atirou-se sobre os sovietes, e veio toda a luta de que nos lembramos. Os ingênuos poderiam esperar que, arrependida do crime feito contra a Polônia, a URSS, pelo menos agora, consentisse no restabelecimento de uma Polônia independente. Oh, ingenuidade! Maquiavelicamente, os sovietes deixaram soçobrar o pugilo heróico de defensores de Varsóvia, que se batiam contra os nazistas. Diabolicamente astutos, queriam que os nazistas penetrassem na cidade, para os expulsar daí, conquistando assim a capital polonesa, e lá instalando um governo soviético. O que Churchill foi pleitear foi, sem dúvida, que esse governo soviético de "quislings" fosse expulso, e substituído pelo governo polonês livre de Londres. E foi isto que os sovietes não quiseram admitir.

Assim, seu plano se positiva: eles desejam a bolchevização da Europa oriental... por oras.

Por oras? Sim, porque seria ingenuidade imaginar que a URSS se contentará com isto. O que ela quer é a bolchevização do mundo. É para lá que parecem encaminhar-nos por enquanto os acontecimentos.

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O general Arnold, comandante da força aérea do exército dos Estados Unidos, anunciou que, a menos que se verifiquem em combates aéreos sobre a Alemanha perdas inesperadas e muito elevadas, a força aérea do exército dispensará as mulheres empregadas em serviço de pilotos na força aérea, ou sejam, as "Wasps", em 20 de dezembro.

Acrescentou o general Arnold que a decisão de dispensar as pilotos voluntárias era baseada nas atuais indicações de que, em meados de dezembro, haverá pilotos masculinos suficientes e disponíveis para preencher todas as necessidades de aviadores dos EE.UU.

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Esta notícia merece franco aplauso. Com efeito, a mulher tem na sociedade um papel de tal maneira delicado e fundamental, que tudo quanto a desvie desse papel trás consigo o risco de subverter gravemente a organização social. Assim, uma das mais importantes preocupações deste momento deve consistir em promover quanto antes a normalização da vida civil, com o retorno gradual das mulheres ao lar, na medida em que as circunstâncias o forem permitindo.