A propósito da visita do Sr. Winston
Churchill à Rússia, não podemos deixar de recordar que ela se prende
principalmente aos dolorosíssimos acontecimentos de
que Varsóvia acaba de ser
teatro. Assistimos todos, estarrecidos, ao ignominioso crime. O povo polonês, o
bom povo polonês que não quer ser nem de Hitler, nem
de Stalin, mas de Cristo, e da Polônia, o bom povo polonês defendeu com uma altivez e um
heroísmo imortais a sua capital ameaçada. De um lado, estavam os soviéticos. Do
outro lado, os nazistas. Os defensores de Varsóvia pediram, suplicaram,
imploraram o auxílio soviético: este lhes foi negado duramente. Os americanos
desejaram mandar aviões: os sovietes proibiram que esses aviões de uma potência
aliada, amiga, pousassem no seu solo. Friamente, os sovietes deixaram que
Varsóvia caísse em mãos dos nazistas, e só depois disto, é que se mexeram. É
que não queriam, de modo nenhum, reconhecer as autoridades polonesas igualmente
anti-nazistas e anti-soviéticas.
Queriam um governo de títeres comunistas para a Polônia. Este o segredo de um
dos crimes mais repugnantes praticados ao longo desta triste guerra.
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Que direito tinha a URSS a impedir que os aviões
americanos levassem víveres a Varsóvia? Certa propaganda rosna por aí que os
Aliados são ineficientes, e atribui todas as glórias da vitória aos sovietes.
Seria interessante reler a este propósito os dois telegramas seguintes,
publicados por nossa imprensa diária em 18.6.1944:
MOSCOU, 11 (U.P.)- A imprensa local destaca
grandemente o auxílio militar dos Estados Unidos, Inglaterra e Canadá à Rússia, afirmando categoricamente que a influência do material
bélico e de abastecimentos desses países facilitou as vitórias dos exércitos
soviéticos. Enumerando os embarques aliados - a maioria dos quais procedente
dos Estados Unidos - para a Rússia, revelaram-se as seguintes cifras do
material recebido: 12.256 aviões; 9.214 tanques; 237.634 caminhões e outros
veículos; 116 unidades navais; 25.390 canhões; 1.880.000 granadas; 2.545
toneladas de alimentos e assombrosas quantidade de roupas, gasolina, aparelhos
de rádio, maquinarias, ferramentas, alumínio, aço, etc., etc.
MOSCOU, 11 (U.P.) - Os Estados Unidos já enviaram à
Rússia 8.500.000 toneladas de alimentos e material de guerra, tudo num valor de
5.537.000.000 de dólares, durante dois anos e meio de vigência da lei de
empréstimos e arrendamentos”.
São estes os combatentes famélicos
que vivem dos auxílios americanos, e que impedem o acesso desses auxílios a
Varsóvia!
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A imprensa lisboeta afirmou que o Sr. Winston Churchill foi a Moscou
manifestamente para tratar da questão polonesa, e corre o risco de se arrimar
ao guarda-chuva de Chamberlain.
Sem dúvida, o "premier" inglês tem dado
sobejas manifestações de sua inquebrantável energia. Mas este é um caso em que
a energia se torna mais necessária do que nunca. Como acentuou o New York Times, a URSS não deu até aqui a mínima prova de
sua boa vontade, a despeito da grande distinção que o Sr. Churchill
fez à URSS indo pessoalmente a Moscou. O fato de haver sido chamado àquela
capital o "premier"
polonês é coisa sintomática. Mas que resultados trará? É o que o mundo pergunta
com verdadeira ansiedade.