Legionário, N.º 630, 3 de setembro de 1944

7 DIAS EM REVISTA

O LEGIONÁRIO teve ocasião de publicar, em sua última edição, um apelo comovedor das mulheres polonesas ao Santo Padre, por motivo dos apuros que estão passando durante o sítio de Varsóvia. As heróicas defensoras da antiga capital dos Jagellons mostraram, nas palavras dramáticas de sua mensagem, que realmente o III Reich procede contra elas com crueldade sem precedentes, e, ao mesmo tempo, as tropas russas, colocadas às portas de Varsóvia, não dão um só passo para libertar a cidade.

Assim, os sovietes mais uma vez mostram que não tem o menor empenho em defender a Polônia e a humanidade, comprazendo-se, pelo contrário, cruelmente, em que os nazistas dizimem a católica população da metrópole polonesa.

Sempre a colaboração velada, indireta, cruel, entre ambos os totalitarismos, para oprimir e prejudicar os povos católicos!

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O telegrama que noticiou uma audiência concedida pelo Sumo Pontífice Pio XII a um "bispo" anglicano que teve, da generosidade pontifícia, autorização para comparecer revestido de suas insígnias "episcopais", teve uma redação que insinua um certo equívoco, no espírito público.

Não é esta a primeira vez que os Soberanos Pontífices se dignam de receber em audiência chefes de seitas separadas da Igreja de Deus. O mais insigne exemplo dessa condescendência paternal se encontra na visita feita pelo rei Jorge VI da Inglaterra, ao Santo Padre Pio XI. Como ninguém ignora, o rei da Inglaterra é chefe da igreja anglicana. Assim, pois, não espanta que o Sumo Pontífice conceda audiência a um bispo anglicano.

Mas o que é necessário que se frise muito é que, se o Santo Padre condescendeu em receber paramentado o dito "prelado", não quis, de modo algum, lhe reconhecer a validade da sagração episcopal. Leão XIII já decidiu, em documento oficial e definitivo, que as ordenações anglicanas são nulas, e os "bispos" anglicanos não são, nem de longe, quer Bispos, quer Sacerdotes. Assim, o gesto do Santo Padre tem o mero caráter de condescendência.

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Devemos informar a nossos leitores que o "Asilo Datuira", de Poá, em favor do qual se realizou um chá beneficente há pouco, e que coleta donativos na população, não é católico, mas espírita.

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Consideramos lamentável que a Prefeitura do Distrito Federal tenha autorizado o trabalho de mulheres nas empresas de transporte coletivo. Em primeiro lugar, a mobilização está longe de ter assumido entre nós proporções que justifiquem esta medida. Em segundo lugar, é gravemente nocivo à moralidade pública que a mulher, que deve ser objeto de respeito todo especial, se veja exposta a convivência promíscua dos meios de transportes coletivos, lidando com toda espécie de gente, em toda espécie de circunstâncias, e expondo-se, em conseqüência, a toda espécie de incidentes. De mais a mais, a terrível crise de transportes que o Rio atravessa ainda torna mais agudos os inconvenientes dessa deliberação que, esperamos, não seja adotada em São Paulo.