Legionário, N.º 625, 30 de julho de 1944

7 DIAS EM REVISTA

Enquanto prossegue a débâcle nazista, insistimos em acentuar um aspecto importantíssimo das operações militares. Os nazistas, fiéis como sempre à sua simpatia para com o comunismo, defendem muito mais a frente oriental que a frente ocidental ou a frente sul. Daí uma série de "triunfos" que para a galeria aumentam o prestígio soviético, enquanto os bravos soldados anglo‑americanos vão avançando debaixo de metralha autêntica, no norte da França ou no centro da Itália.

O povo só mede as vitórias pela extensão dos recuos. Ora, como na Itália e na França os recuos são sensíveis mas concedidos passo a passo pelo adversário; como por outro lado na zona oriental os recuos são verdadeiras debandadas, segue‑se daí que para os "generais de mesa de café", os estrategistas de praça pública, etc., as tropas russas se estão cobrindo de glórias muito maiores.

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Também, em compensação, a Rússia tem lá suas gentilezas. Por exemplo, ela está há tempo a dois passos da fronteira germânica. Mas não a transpôs. Prefere brigar dentro da Polônia. Poderia haver mais gentil retribuição do totalitarismo vermelho às "finesses" do totalitarismo pardo?

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Mas o que, no momento, mais nos preocupa não é isto. É o problema da luta interna na Alemanha. Quem dará o golpe interno para derrubar Hitler? Com quem tratarão os aliados? Se um grupo de nazistas dissidentes resolver pedir a paz, tratar‑se‑á com eles? A nosso ver, o problema é de uma importância fundamental, porque decidirá do destino da Alemanha de amanhã. E, francamente, nossa tese é que não deve haver tratativas de nenhuma espécie com colaboradores atuais ou antigos de Hitler. O nazismo é uma erva daninha que renascerá com qualquer semente.

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Certa imprensa insiste muito no papel dos junkers, isto é, da aristocracia rural luterana na Prússia, como potência decisiva e responsável por todos os malefícios do nazismo.

Há nisto uma importante parte de verdade, mas muito mais "camouflage". Com efeito, os junkers têm grande culpa em tudo quanto se passou. Mas muito pouco teriam eles conseguido se não fossem os banqueiros e os industriais que deram o apoio financeiro ao nazismo. O que representam os junkers? O Exército. Foi por meio do Exército que o nazismo subiu? Sim, e não.

Sim, se nos lembrarmos de que qualquer oposição do Exército seria suficiente para lhe deter a ascensão. Não, se considerarmos que a opinião germânica em sua maioria votou a favor do nazismo, nos grandes plebiscitos que deram ao Sr. Hitler a sua vitória. Ora, como foram ganhos esse plebiscitos? Com o concurso de mil jornais, estações, radio‑emissoras, e todos os meios de uma propaganda fabulosamente dispendiosa. Como foram pagas todas estas despesas? Com o magríssimo rendimento das terras extenuadas que os junkers possuem na Pomerânia? Nunca. Com o dinheiro de toda uma "clique" de banqueiros, financistas, industriais, de alto bordo, que precisam ser apontados como os principais responsáveis pelo nazismo.

E, conseqüência concretíssima: que precisam ser apontados como homens com os quais também não se deve tratar.