O principal empenho da propaganda protestante...
consiste em não parecer protestante. Para isto, utiliza-se de toda espécie de
artifícios, desde as omissões cautelosas, os rodeios sorrateiros e inteligentes,
que se notam nos prospectos e folhetos da "Associação Cristã de
Moços", até a contrafacção vulgar empreendida
pelo Sr. Salomão Ferraz, em sua conhecida "Igreja Católica Livre". O
objetivo disto é muito claro. O Brasil tem uma graça especial: a Providência dotou
seus filhos de um faro anti-protestante que os faz
discernir prontamente o cheiro ácido da heresia, em todas as obras das seitas,
e que os leva a fugir como da peste, de qualquer instituição clara ou
veladamente eivada de protestantismo. Os rótulos protestantes fazem
automaticamente o vácuo em torno de si. Se uma obra deixa transparecer que é
protestante, está condenada a vegetar à sombra de colônias estrangeiras, sem
nenhuma repercussão entre os brasileiros. E, por isto, o primeiro problema da
propaganda protestante consiste, não em apresentar suas doutrinas, sob aspecto
favorável, mas em escondê-las.
* * *
Sabe-o muito bem o Exército da Salvação. E, por isto, se bem que ele seja incapaz de esconder
inteiramente seu caráter herético, fá-lo quanto possível. Seu rótulo é o de
"cristão". E porque sabemos que os únicos cristãos no sentido pleno e
genuíno da palavra somos nós, católicos, temos por vezes a ingenuidade de
pensar que tudo que é cristão é nosso. Por isto, ainda há muitos que recebem
como uma simpática propaganda católica, os folhetos do Exército da Salvação, os
pagam, e por vezes os lêem. A Salvation Army sabe muito bem disto, pelo que evita
cautelosamente todos os ataques diretos à Igreja, em seus folhetos. Ela
ministra a heresia ao público, deixando-o, entretanto, mal informado sobre o
verdadeiro caráter herético de seu material de publicidade.
Que o Exército
da Salvação proceda assim, ainda é explicável. Menos explicável é que as
pessoas alheias ao corpo de propagandistas dessa organização, ao menos as
supomos tais, mantenham cuidadosamente o equívoco astuto em que aquela
instituição se envolve.
Um amigo nos deu um recente artigo da escritora Tarsila do Amaral, sobre o "lar das Moças" mantido pelo Exército da Salvação. É um laudatório
algum tanto extenso, em estilo sentimental, sobre o abrigo que a Salvacion Army mantém
para as gestantes solteiras. De princípio ao fim, elogios. Todos os aspectos da
instituição foram analisados, descritos "comovedoramente" elogiados
pela escritora que tanto ruído causou nos tempos da Aliança Libertadora. Nem uma vez, nem por descuido, lhe ocorreu
dizer que a instituição era protestante. Foi só o que ela não viu... o que ela
teria, entretanto, cultura suficiente para ver e saber.
* * *
Cogita-se agora da constituição de um Estado
judaico na Palestina. O Sr. William Beveridge, de cujo plano já se fala um pouco menos, pôs no cartaz o
problema. [...]