Publicou-se na semana passada o seguinte telegrama:
"ZURICH, 6 (R.) - A rádio do Vaticano, em sua irradiação
em alemão, relembrou hoje a alocução pronunciada pelo Papa, quando se dirigiu
aos operários italianos e membros da Ação Católica, sobre a paz internacional e
social.
"A paz social é um precípuo
requisito da paz internacional" - disse o locutor, que acrescentou:
"A Igreja está inteiramente cônscia de que a
condição operária não é satisfatória em muitos países e exige justos salários e
condições de abrigo que permitam aos operários o sustento de suas famílias, o
seguro social contra doenças e velhice e a possibilidade de um pecúlio."
Os que acusam o Papa de ter fracassado em impedir a
guerra ou mesmo de ser responsável por essa calamidade são inimigos de Deus e
sua Igreja. Quando, depois da guerra, forem abertos os arquivos, sairá à luz o
que de esforços foram feitos pelo Santo Padre a fim de evitar a
guerra. Ele, entretanto, confia em que nenhum cristão acreditará naquela
mentira e calúnia e que se apegarão à única esperança que lhes resta: Nosso
Senhor e Salvador".
Que o Papa tenha sido caluniado de modo tão
simplório e falso, não espanta. Graças a Deus, os inimigos da Igreja nem sempre
são inteligentes. Mas o que espanta é que a Santa Sé tenha julgado útil fazer
uma refutação de tal calúnia, isto prova que houve setores da opinião em que
ela alcançou algum êxito, se bem que seja evidentemente contrária a todos os
dados da razão e do bom senso. Nada pode exprimir melhor a desorientação
contemporânea do que a existência de homens capazes de dar crédito a balelas
destas.
* * *
Em meio a todas as suas aflições, o Santo Padre Pio
XII encontra tempo para desenvolver uma obra
doutrinária fecunda em favor dos cristão. Está na memória de todos a monumental
encíclica "Mystici Corporis Christi", em que o Sumo
Pontífice inculca a devoção ao corpo místico de Nosso Senhor Jesus Cristo, que
é a Santa Igreja Católica, e condena os terríveis erros que
"serpeavam" - a expressão é do Pontífice - entre os fiéis sobre este
admirável assunto. Na mesma Encíclica, o Santo Padre condenou também,
severamente, os erros do "Liturgismo de má lei" -
outra expressão oficial do Vaticano - que fez no Brasil e por toda a parte
terríveis devastações espirituais. E, agora, chega-nos a notícia sumamente
auspiciosa de que, sobre o "Liturgismo de má
lei", o Santo Padre elaborou mais um documento: é uma carta ao Ex.mo
Rev.mo. Sr. Bispo de Moguncia, na Alemanha, escrita em data de 7 de fevereiro do corrente ano.
Logo que possua o texto do inestimável documento, o
LEGIONÁRIO o divulgará pressurosamente, para conhecimento de seus leitores.
* * *
Tristíssimo, este telegrama também publicado na
semana passada:
"ESTOCOLMO, 10 (R.) - A agencia alemã de
notícias para ultramar disse ontem à noite: "Para o futuro, oito soldados
da guarda pontifícia manterão guarda aos apartamentos do Papa durante à noite.
Até agora a guarda pontifícia funcionou apenas, nesse mister, durante o dia,
policiando os apartamentos do Papa, as salas de recepção e acompanhando-o
quando deixava o palácio".
Positivamente, é verdade que "Deus torna
loucos aqueles a quem quer perder". Será possível que a propaganda nazista
não perceba que não é contra raids [ataques] aéreos que o Papa reforça a guarda de seus
apartamentos com meia dúzia de soldados armados de fuzis, mas contra a possibilidade
de um atentado? E de quem poderia vir o atentado, em uma cidade onde dominam os
nazistas?
* * *
A propaganda protestante vai fazendo entre nós as
suas devastações. Ainda há dias, um soldado do corpo expedicionário pediu - em
vésperas de partida! - desligamento do Exército sob pretexto de
incompatibilidade com a vida militar, por motivo de se ter filiado a certa
seita protestante, na qual, aliás, recebeu o cargo de "pastor".
O Sr. Ministro da Guerra indeferiu o requerimento.
O pequeno episódio mostra bem o mal que pode fazer ao país a propaganda
herética, com todos os desvarios que a caracterizam.