É comovedor o desvelo com que o Sumo Pontífice Pio
XII, a despeito da
situação verdadeiramente trágica em que se encontra, continua a estender por
todo o mundo sua ação benfazeja.
Ainda na semana passada, o Ministro sem pasta, Sr. Richard Lew, informou que, graças à mediação do Vaticano representado
respectivamente pelos delegados apostólicos junto aos governos de Londres e
Tóquio, fora obtido um modus vivendi a respeito
do tratamento dos prisioneiros ingleses internados na Malásia, Índias Ocidentais Holandesas e
Filipinas, com iguais vantagens para os prisioneiros nipônicos na
Inglaterra. Em conseqüência do acordo, o Sumo Pontífice assegura
tratamento humano e condigno aos prisioneiros de ambos os países, devendo a
Inglaterra fazer chegar os fundos necessários à subsistência de seus soldados
por meio do Delegado Apostólico na capital japonesa. O Delegado Apostólico, por
sua vez, remeterá as somas recebidas, diretamente aos governadores das zonas em
que estejam internados os súditos britânicos. O Delegado Apostólico em Tóquio levou mesmo sua
solicitude a ponto de visitar pessoalmente alguns campos de internamento de
súditos britânicos, o que até agora fora rigorosamente vedado pelos japoneses a
todos os representantes de potências neutras.
É interessante notar a plena confiança que dois
países a-católicos, heréticos um e pagão o outro,
depositam na Santa Sé, manifestação
sensível do altíssimo grau de consideração de que no consenso unânime dos povos
goza o Vigário de Cristo.
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Temos dito muitas vezes que os católicos devem
acautelar-se sumamente diante das manifestações de tolerância ou longanimidade
dos comunistas. Trata-se de mera manobra destinada a desarmar as prevenções e
entrar com passo de raposa através das portas que a violência de um tigre não
conseguira arrombar.
A prova de que a diplomacia soviética está
empenhada em uma vasta manobra de mistificação se encontra em sua conduta com
os reis da Itália e Iugoslávia.
Como ninguém ignora, as antigas dinastias reinantes
da Europa conservam junto aos respectivos povos alto grau de prestígio. Ainda
recentemente, o Instituto Gallup, mundialmente famoso por suas pesquisas a respeito do
estado da opinião pública sobre vários assuntos, publicou o resultado de um
inquérito realizado na Suécia - a dois passos do
"paraíso russo" portanto - sobre a forma de governo monárquico. A
maioria absoluta dos suecos é a favor da manutenção do trono. Assim, também na
Iugoslávia e na Itália as respectivas casas reinantes gozam de grande
influência. A Rússia procurou manobrar
primeiramente no sentido de abolir a monarquia naqueles dois países. Seus
asseclas em uma e outra margem do Adriático, e principalmente Tito e Sforza, trabalharam ativamente no sentido de incompatibilizar a
coroa com o povo. Perceberam que
fracassaram: a Rússia mudou prontamente de atitude, mandou Tito
reconciliar-se com o rei Pedro, reconheceu o governo
Badoglio e portanto o rei de
quem Badoglio é ministro, e mandou às urtigas (muito merecidamente, seja dito entre parêntesis) o Sr. Sforza.
Dir-se-á com isto que a Rússia esta ficando
monarquista? Nunca. Como não está ficando católica nem está ficando qualquer
outra coisa que não seja comunista.
Simplesmente o que há é que o camarada "Stalin" está vestindo por algum tempo a pele do cordeiro.
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A prova de que ele percebeu esta necessidade está
em que já se fala agora francamente de restauração da monarquia também na Rumânia, e a própria Rússia está dando prestígio a um príncipe Stirbe, personagem mais ou menos ignorado até aqui, mas que
provavelmente poderá ser um "rei-tampão"...
nas mãos dos comunistas.