A respeito do bombardeio de Castel
Gandolfo registramos a
seguinte nota publicada pelo Núncio Apostólico em Washington, e retransmitida a esta capital
pela agência norte-americana "United Press", que contém inapreciáveis esclarecimentos sobre
os fatos ali ocorridos.
Washington, 17 (r.) - O Delegado Apostólico nos
Estado Unidos declarou, em nome
do Papa, que a Vila Papalina de Castel
Gandolfo não podia ser considerada objetivo militar.
Em sua declaração o Delegado Apostólico Mons. Amleto
Giovanni Cicognani, disse o seguinte:
"S. Eminência o Cardeal Maglioni, Secretário de Estado de SS. o Papa Pio XII, enviou-me instruções para declarar que as recentes
informações aparecidas na imprensa e atribuídas ao Alto Comando Aliado, segundo
as quais o território papalino de Vila Castel Gandolfo está "saturado
de alemães e portanto sujeito a bombardeio" não são verdadeiras. S.
Eminência declara que nenhum soldado alemão foi admitido dentro dos limites da
Vila Pontifícia, que é neutra, e que nenhum militar alemão se encontra
presentemente nela".
Uma declaração suplementar, divulgada em nome da
Conferência Nacional Católica, declarava o seguinte:
"A propósito da declaração do Delegado
Apostólico nos EE.UU. deve ser recordado que, segundo informações recentes da
Cidade do Vaticano, o Santo Padre franqueou a Vila Papalina
de Castel Gandolfo,
inclusive os apartamentos oficiais, para os que foram privados de residência
pelo bombardeio das zonas limítrofes. Calcula-se que milhares de pessoas
receberam asilo na Vila Papalina, inclusive mulheres
e crianças. Os recentes ataques a Castel Gandolfo causaram a morte de várias centenas desses
refugiados e a evacuação de muito mais. Uma irradiação do Vaticano afirmou, em
25 de fevereiro, que mais de 10.000 refugiados se encontravam na Vila Papalina e acrescentou que ainda não lhes é possível partir
dali. Consequentemente, acrescentou a irradiação, qualquer ação bélica contra a
Vila Papalina será não só uma violação dos direitos
de extra-territorialidade, como constituirá um perigo
para milhares de refugiados".
* * *
O Exmo. Revmo. Sr. D. Jaime de Barros Câmara, Arcebispo do Rio de Janeiro, acaba de
publicar magnífica circular sobre o ensino em que, inicialmente, manifesta sua
satisfação por verificar que o "estudo da religião nos estabelecimentos de
ensino público primário e técnico-profissional já é
um fato consolador". E acrescenta: "Isso
nos permite esperar que, freqüentando-os com proveito, as crianças não formem
seu espírito em ambiente de indiferença religiosa. Embora ainda nem sempre tão
propício como o das escolas católicas, encontra-se não raro naquelas, graças ao
zelo individual e à consciência do corpo docente, cuidadosa orientação cristã.
Deus seja louvado"!
Mostra a seguir o documento que "outro é, por
desventura, o panorama do ensino secundário". O número de colégios
católicos e ginásios católicos, principalmente para rapazes, é bem exíguo e
"a maioria dos outros não oferece aos jovens os necessários elementos de
educação religiosa, segundo as leis eternas do Decálogo, explicado pela Igreja,
Mestra e Coluna da Verdade".
Depois de lastimar o fato de "estabelecimentos
católicos, de bela aparência, bem montados tecnicamente, dotados de todos os
requisitos pedagógicos" descuidarem da educação religiosa substituindo-a
por "normas de mero naturalismo e máximas humanas", S. Excia. Revma. afirma:
"É assim que vai aumentando, lastimavelmente, o número de consciências mal formadas, ou
deformadas, e que a despeito de tantas exigências da pedagogia moderna, não se
consegue plasmar o caráter e a consciência. Falta o essencial: sem religião,
não há moral. A moral chamada leiga, a moral agnóstica e atéia não resiste a
muitas provas".
É dever indeclinável dos pais, lembra sua Excia. Revma., oferecer à prole
uma educação conforme aos eternos ensinamentos da Igreja. Condena a circular,
os internatos mistos e mostra não haver justificativa para a matrícula de
católicos em colégios eivados de heresias ou em tais internatos onde impera a co-educação.
A circular do Exmo. Sr.
D. Jaime de Barros Câmara é um documento oportuno
nesta hora confusionista.
* * *
Quanto aos atentados praticados contra a Basílica
de São Paulo fora dos Muros, que pelo Tratado de Latrão é parte integrante
dos Estados Pontifícios, entendemos que constituem injuriosa violação da
soberania do Santo Padre, merecendo o mais caloroso protesto de todos os
católicos.
A destruição de Monte Cassino, monumento venerabilíssimo da
piedade cristã, é lamentada em todo o orbe católico. Entrincheirando-se ali, os
nazistas criaram circunstâncias propícias ao desastre que agora sucedeu. Se Mussolini tivesse ouvido a
voz de Pio XI, e não se tivesse
aliado à Alemanha, nem as causas diretas nem indiretas de tão triste
ocorrência teriam sobrevindo.