No dia 6 p.p., festa dos Santos Reis Magos, teria
completado 43 anos de idade S. Excia. Revma. o Sr. D. José Gaspar de Afonseca e Silva, pranteado Arcebispo Metropolitano de São
Paulo.
Até aqui, esta data era festivamente comemorada na
Arquidiocese com calorosas e gerais manifestações de júbilo, sendo tão
numerosas as pessoas que acorriam para felicitar o ilustre Metropolita,
que chegava a formar extensa fila que se estendia até pela rua de S. Luiz.
Os fatos que são do domínio público tornaram de
luto esta data, para a massa geral dos fiéis.
Terá sido elevado certamente o número de sufrágios
que se ergueram ao céu pela alma do pranteadíssimo
antístite. A Exma. família Afonseca
e Silva mandou celebrar na cripta da catedral nova uma Missa pelo eterno
descanso de D. José Gaspar de Afonseca e Silva, em
que as pessoas presentes não ocultaram a profunda emoção que a todos dominava.
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Publicou-se nesta capital a notícia de que o governo
nazista tornou obrigatório o comparecimento das
tropas S.A. e S.S. às cerimônias religiosas próprias a esta época do ano.
Depois de toda a perseguição que o nazismo moveu e continua a
mover contra a Igreja, esta atitude não pode ser considerada senão uma de suas
muitas hipocrisias com que só os incautos ou os ingênuos incuráveis se podem
iludir.
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Adversários irredutíveis do nazismo, do fascismo e
de suas múltiplas variantes, não com um fervor de cristãos novos que procuram abafar com suas palmas exageradas o eco
de suas palavras de ontem, mas com o desassombro e a meticulosidade de que
demos mostras até mesmo quando muito junto de nós se trabalhava em sentido
oposto, não podemos deixar de continuar a deplorar a soltura do leader fascista
inglês Oswald Mosley. Esse homem seria o “quisling”
de sua pátria, se a Inglaterra não houvesse
resistido. Sua imunidade é uma afronta a todos os ingleses que presentemente
morrem no campo de batalha.
Por tudo, folgamos em registrar que um deputado
americano escreveu uma carta ao Sr. Herbert C. Pell, membro norte-americano da Câmara de Investigações dos
Crimes de Guerra das Nações Unidas,
lembrando que a soltura de Mosley não é um caso
puramente inglês, mas interessa também a outros países. Aquele parlamentar
acrescenta que "a mulher de Mosley não está
doente. Ela é tão culpada quanto ele. Também outros fascistas foram libertados
e também não estavam doentes".
São essas inexplicáveis fraquezas
que nos inspiram o receio de que depois da guerra a hidra do nazismo não morra.
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Voltamos ao General Smuts, de que há tempos atrás já tratamos. Em sua última
entrevista declarou ele que "nos achamos diante de uma das maiores
revoluções da história humana, que não poderá ser comparada com as revoluções
dos livros". Declarações vagas, inconsistentes, apavorantes. Revolução? Em
que sentido? De quem, contra quem? Para conseguir o quê? Por que não ser mais
explícito?
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Fala-se muito na diferença entre o nazismo e comunismo. O LEGIONÁRIO sempre mostrou que essa diferença é nula.
Um dos aspectos típicos do nazismo é seu ódio a
todos os elementos da antiga aristocracia européia. Perseguiu-os com o ódio
feroz e estúpido dos comunistas. E até agora, quando o nazismo está em vias de
esboroamento, continua nessa perseguição.
De Londres, veio-nos o telegrama de que o príncipe
e a princesa de Bourbon-Parma foram presos na
França, e retidos num campo
de concentração na Alemanha.
Por que? Simplesmente porque são príncipes, será
provavelmente.
E enquanto por motivos desses se prendem pessoas nas
regiões desgraçadas pelas tropas pardas, na Inglaterra se soltam traidores como
o “Quisling” Oswald Mosley...