Legionário, N.o 577, 29 de agosto de 1943

7 DIAS EM REVISTA

É sob o mais formal protesto de toda a consciência católica do país que o Congresso de Advogados reunido no Rio de Janeiro vai debater a questão do divórcio.

Estamos fartos de ouvir afirmativas de que a família é a base da sociedade. Esta afirmação continuará perpetuamente oca enquanto não se reconhecer que não é em tempo de guerra que se deve deitar o machado na base da sociedade. Todos os países do mundo diferem para o tempo de paz suas reformas mais importantes. Caberá ao Brasil dar o exemplo desassisado de um país que se divide em questão de tal magnitude, precisamente quando o esforço de guerra absorve todas as suas energias.

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Há dias, o país comemorou com grandes manifestações cívicas o primeiro aniversário da declaração de guerra às potências do Eixo. Evidentemente, as patriotadas não bastam e será patriotada e não patriotismo qualquer manifestação cívica que redunde exclusivamente em palmas e discursos. Serão meros patrioteiros aqueles que ainda ontem falavam com entusiasmo em nossa luta com os inimigos externos, e hoje se transformam em inimigos internos, desarticulando a opinião nacional, dividindo-a, cindindo-a, em ponto tão absolutamente fundamental para os católicos brasileiros.

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No Sexto Congresso de Estudantes, foi emitido um voto favorável a gratuidade do ensino secundário. À primeira vista, a medida é das mais simpáticas, pois que parece destinada a estender a todos os brasileiros os benefícios da instrução. Entretanto, além de ser perfeitamente quimérica se aproxima sob muitos dos seus aspectos da famosa Escola única, leiga e gratuita, que foi um dos cavalos de batalha da propaganda comunista na França antes da guerra. Devemos pois considerar com a maior reserva tal proposta.

Um inconveniente da Escola única consiste, antes de tudo, em sua irremediável laicidade. Com efeito, para que o ensino deixe de ser leigo, não basta alguma aulinha de religião. É preciso que todas as matérias sejam expostas do ponto de vista católico e que o ambiente educacional seja fundamentalmente católico. Ora, sendo leigo o Estado, e pertencendo unicamente ao Estado a Escola única, o ensino será necessariamente leigo.

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Por outro lado, a escola gratuita do Estado tende indiretamente a ser única. O Estado, para manter um custosíssimo aparelhamento de ensino secundário gratuito precisa aumentar a tal ponto os impostos, que diminui a capacidade de pagamento dos contribuintes, os quais assim terão, em muitos casos dificuldades em manter ao mesmo tempo escolas particulares.

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Com efeito, as escolas públicas gratuitas serão mantidas exclusivamente com impostos cobrados a todo cidadão. E os que quiserem mandar seus filhos à escola particular terão que manter duas escolas: a do Estado, de que não se servirão, e a particular.

Noutros termos, pagarão a educação dos seus filhos e a dos outros. E os que não tiverem dinheiro para isto serão obrigados a mandar seus filhos à Escola Pública.