É sob o mais formal protesto de
toda a consciência católica do país que o Congresso de Advogados reunido no Rio
de Janeiro vai debater a questão do divórcio.
Estamos fartos de ouvir
afirmativas de que a família é a base da sociedade. Esta afirmação continuará
perpetuamente oca enquanto não se reconhecer que não é em tempo de guerra que
se deve deitar o machado na base da sociedade. Todos os países do mundo diferem
para o tempo de paz suas reformas mais importantes. Caberá ao Brasil dar o
exemplo desassisado de um país que se divide em questão de tal magnitude,
precisamente quando o esforço de guerra absorve todas as suas energias.
* * *
Há dias, o país comemorou com
grandes manifestações cívicas o primeiro aniversário da declaração de guerra às
potências do Eixo. Evidentemente, as patriotadas não bastam e será patriotada e
não patriotismo qualquer manifestação cívica que redunde exclusivamente em
palmas e discursos. Serão meros patrioteiros aqueles que ainda ontem falavam
com entusiasmo em nossa luta com os inimigos externos, e hoje se transformam em
inimigos internos, desarticulando a opinião nacional, dividindo-a, cindindo-a,
em ponto tão absolutamente fundamental para os católicos brasileiros.
* * *
No Sexto Congresso de Estudantes,
foi emitido um voto favorável a gratuidade do ensino
secundário. À primeira vista, a medida é das mais simpáticas, pois que parece
destinada a estender a todos os brasileiros os benefícios da instrução.
Entretanto, além de ser perfeitamente quimérica se aproxima sob muitos dos seus
aspectos da famosa Escola única, leiga e gratuita, que foi um dos cavalos de
batalha da propaganda comunista na França antes da guerra. Devemos pois
considerar com a maior reserva tal proposta.
Um inconveniente da Escola única
consiste, antes de tudo, em sua irremediável laicidade.
Com efeito, para que o ensino deixe de ser leigo, não basta alguma aulinha de religião. É preciso que todas as matérias sejam
expostas do ponto de vista católico e que o ambiente educacional seja
fundamentalmente católico. Ora, sendo leigo o Estado, e pertencendo unicamente
ao Estado a Escola única, o ensino será necessariamente leigo.
* * *
Por outro lado, a escola gratuita do
Estado tende indiretamente a ser única. O Estado, para manter um custosíssimo aparelhamento de
ensino secundário gratuito precisa aumentar a tal ponto os impostos, que
diminui a capacidade de pagamento dos contribuintes, os quais assim terão, em
muitos casos dificuldades em manter ao mesmo tempo escolas particulares.
* * *
Com efeito, as escolas públicas gratuitas
serão mantidas exclusivamente com impostos cobrados a todo cidadão. E os que
quiserem mandar seus filhos à escola particular terão que manter duas escolas:
a do Estado, de que não se servirão, e a particular.
Noutros termos, pagarão a educação dos
seus filhos e a dos outros. E os que não tiverem dinheiro para isto serão
obrigados a mandar seus filhos à Escola Pública.