Legionário, N.o 576, 22 de agosto de 1943

7 DIAS EM REVISTA

Depois da augusta carta em que o Sumo Pontífice censurou o bombardeio de Roma e do substancioso comentário publicado sobre o assunto pela Rádio Vaticano, podem os nossos leitores aquilatar a profunda mágoa que nos vai na alma ao verificar que, mais uma vez, se atentou contra a capital da Cristandade.

Além dos princípios gerais, que tornam censurável o bombardeio feito contra a população civil, existe, no caso de Roma, uma razão especialíssima: Roma é uma cidade sagrada.

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Associando-nos, de coração, à profunda mágoa do Vigário de Cristo, não podemos deixar de pôr em relevo que a declaração de Roma como “cidade aberta” dependia de ambos os combatentes, segundo também acentuou o Sumo Pontífice.

Tendo partido da Itália a sugestão em prol da desmilitarização de Roma, é doloroso que, apesar disto, os bombardeios se tenham repetido. Não queremos dizer com isto que a situação seja tão clara que se possa lançar, indiscutivelmente, toda a culpa sobre os aliados. Mas a opinião católica anseia por uma explicação a que ela tem direito, e que os aliados ainda não lhe deram. Aguardemo-la confiantes, pois que é impossível que um fato desta natureza se passe sem uma explicação.

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Chama-nos a atenção o fato de que o partido comunista inglês se bata energicamente pela abertura de uma segunda frente no próprio continente europeu, considerando atirar mais fundo o machado nas raízes militares do totalitarismo.

Também pensamos assim, mas somos os primeiros a considerar que uma atitude desta natureza, da parte dos comunistas, só pode desorientar a opinião pública.

Com efeito, os comunistas são má companhia, e só prejudicam as causas em cuja defesa acodem.

Os que desejam o esmagamento pronto, drástico, fulminante, do totalitarismo, como prelúdio de um esmagamento não menos drástico do comunismo, acolhem com a máxima frieza este concurso supérfluo dos comunistas ingleses.

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O mesmo se diga de Mme. Geneviéve Tabouts, conhecida jornalista bolchevizante, ora refugiada nos Estados Unidos, que deu uma entrevista em que procura atirar suspeitas contra o General De Gaulle, afirmando que ele se tornou comunista. Nesta entrevista, a Sra. Tabouts, que faz ardente profissão de fé giraudista, mostra-se chocada com o que chama as tendências esquerdistas do general De Gaulle, como se não tivesse ela própria a mais triste das crônicas neste sentido, que a torna inepta para opinar com insuspeição em tão delicada matéria.