Telegrama procedente de Londres informa que nestes
dias de angústia e de provação a Ação Católica italiana baixou uma
declaração em que afirma estar orgulhosa de seu passado. Sem dúvida, no
laconismo desta frase que o telégrafo nos trouxe, há uma referência às lutas
gloriosas que a Ação Católica italiana travou com o totalitarismo fascista,
para a manutenção de sua independência. No momento em que o partido fascista rui
por terra, "dignum et justum est" que a Ação Católica preste por meio desta
declaração uma homenagem aos que se sacrificaram nesta luta gloriosa, e, assim,
faça um ato de justiça para com pessoas e figuras que foram durante muito tempo
injustamente caluniadas.
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Imediatamente depois do Tratado de Latrão, estourou uma crise entre o Vaticano e o Fascismo. Este, com sua tendência totalitária, concebera o projeto
de absorver todas as organizações de apostolado dentro da estrutura do partido
fascista, deixando à Igreja apenas a liberdade de celebrar os atos de culto
divino. Assim, a Ação Católica italiana, "a menina dos olhos do
Papa", segundo a frase tão expressiva de Pio XI, se via na impossibilidade de continuar a agir. Ou ela se
fundia no fascismo, ou, se ela quisesse conservar fisionomia própria, estrutura
própria, individualidade própria, teria de enfrentar um terrível conflito com Benito Mussolini. O Santo Padre Pio XI optou pela independência da A.C. O
conflito assumiu tal gravidade que o Pontífice chegou a escrever que poderia
voltar novamente às catacumbas, mas não cederia. E o fascismo cedeu. Durante
todo o tempo que o fascismo durou, a Ação Católica não queimou um só grão de
incenso no altar do Estado totalitário. Isolada, suspeitada, mal vista, ela
soube resistir e não recuou. Hoje, ela pode dizer com satisfação, juntamente
com suas co-irmãs com as quais ela tanto colabora por ordem formal do Papa,
isto é as demais associações religiosas da Itália, que está orgulhosa de seu passado.
Orgulhosa, sim, santamente orgulhosa, isto é, dando
graças a Deus que é o verdadeiro Autor de todo bem. Um pouco deste jubilo se
estende a todos os membros da Ação Católica em todas as latitudes, que sempre
se mantiveram solidários com esta linha de independência e altivez em relação
às forças temporais, fiéis ao princípio de que Nosso Senhor Jesus Cristo nada
ama tanto neste mundo quanto a liberdade de sua Igreja.
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O governo argentino publicou instruções para a
repressão ao comunismo. A notícia merece registro. Ela demonstra que as
autoridades platinas absolutamente não se fiam na dissolução da III
Internacional. É este o ponto de vista do “Legionário”. O perigo comunista não
está morto, mas camuflado. Mais do que nunca, olhos abertos com ele.
O comunismo aparenta de morto,
para deixar mais livre circulação a um certo socialismo de Estado, polido,
técnico, de pés de veludo, que preparará o mundo inteiro para sua final bolchevização, se os católicos não souberem abrir os olhos.