Legionário, N.º 571, 18 de julho de 1943

7 DIAS EM REVISTA

Merece registro a notícia da nomeação do Rev.mo Pe. José de Castro Nery para membro do Conselho Estadual de Bibliotecas, recentemente instituído pelo Governo do Estado. Com efeito, são amplas e importantes as atribuições deste órgão, e a imprensa católica deve acolher com satisfação a escolha daquele ilustre sacerdote para ser um dos diretores das atividades que o Conselho deverá desenvolver. Inteligência brilhante e culta, dispondo de largo prestígio em nossos círculos intelectuais, o Rev.mo Pe. Castro Nery prestará certamente relevantes serviços no cargo em que se encontra.

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Em comentários anteriores, acentuamos o perigo crescente que existe para a Igreja no desenvolvimento das tendências nacionalistas do Extremo Oriente. Em grande parte, essas tendências eram estimuladas pelos partidos comunistas locais, que entreviam aí a possibilidade de destruir o esforço missionário da Igreja, e desorganizar a economia dos países burgueses do Ocidente.

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Neste sentido, a dissolução da III Internacional trouxe graves inconvenientes pela confusão que estabeleceu. Enquanto outrora o caráter subversivo daquela política era manifesto e gerava, portanto, uma fundada irritação, hoje em dia, iludida a opinião pública com a perspectiva de uma "conversão" em massa dos comunistas as reivindicações separatistas do Oriente passam a ter o aspecto de meras expansões de lirismo nacionalista. E conquistam, assim, ambientes em que jamais poderiam ter logrado penetrar, enquanto abertamente propagado por comunistas.

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Só assim se poderia explicar que, em plena guerra, um grupo político ousasse espalhar impunemente em Londres um Manifesto em favor da plena independência da Índia, em que, ao mesmo tempo, se propõe reformas sociais das mais subversivas:

"Entre outros pedidos formulados no mesmo manifesto encontram-se o da transferência para a propriedade comum de todas as terras e de todas as instituições de crédito e o de emprego de capital da indústria de minas; governo próprio para as colônias e, depois da guerra, um conselho de guerra mundial para o controle da navegação, aviação civil e militar, e o comércio internacional".

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Graças a Deus, nem tudo é sombrio no extremo Oriente. Assim, lemos, num órgão católico norte-americano a auspiciosa notícia de que o governo chinês, a despeito da severidade das medidas tomadas para a proteção nacional, resolveu criar um regime de exceção para as obras católicas, mesmo quando dirigidas por padres ou freiras naturais dos países do eixo. Este gesto de confiança de um governo pagão, altamente confortável para nossos sentimentos de católicos, mostra bem como é fundada a afirmação de que as obras católicas jamais constituem perigo para os verdadeiros interesses da sociedade civil.