O “Legionário” demonstrou em seu último artigo de
fundo que não se deve dar o menor crédito à sinceridade com que o governo russo
dissolveu a III Internacional. Esta conversão política da URSS só aos ingênuos
pode iludir.
É preciso notar, a este propósito, que a atitude da
Casa Branca foi extremamente reservada. E o embaixador norte-americano em
Moscou, almirante Stanley, ao que parece, ameaçou demitir-se por estar em desacordo
com as incursões políticas do Sr. Davis nas relações russo-ianquis.
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É curioso notar que o próprio "camarada"
Stalin parece ter sentido a insuficiência dos motivos
expostos pela Rússia, para justificar a dissolução da III Internacional. Por
isso, escreveu ao Sr. Harold King, representante especial da "Reuters"
em Moscou, uma carta em que procura, mais pormenorizadamente, explicar o seu
gesto. Por isto, o ditador vermelho alega várias razões, que passamos a
examinar.
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O primeiro argumento alegado por Stalin foi que a
propaganda anticomunista de Berlim perderia o "leitmotiv" de que a URSS
procura intervir na vida interna dos outros países, a fim de os bolchevizar. É
o próprio Stalin que reconhece, pois, que um de seus objetivos consistiu em um
expediente de momento, meramente tático, que não traduz, de modo nenhum, o
propósito de se desinteressar dos destinos da revolução mundial. Pelo
contrário.
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O segundo argumento é do mesmo jaez. O Sr. Stalin
afirma a necessidade de evitar as antipatias, que
recaem sobre os partidos comunistas do mundo inteiro, pelo fato de sua
obediência a um poder estranho, ou seja, a III Internacional. Como se vê,
trata-se de mais um expediente tático, adotado no interesse da expansão do
partido comunista em cada país.
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Não é menos significativo o terceiro argumento.
Stalin afirma que a dissolução da III Internacional facilitará a formação da
frente única anti-fascista no mundo inteiro, o que
seria indispensável para o esmagamento do eixo. Em outros termos, esmagado o
eixo, este motivo cessará, e a propaganda bolchevista retomará seu livre curso.
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O último argumento ainda é mais terrível:
"facilita o trabalho dos patriotas em todos os países, unindo-os na luta
contra a ameaça de domínio do mundo pelo hitlerismo,
assim abrindo caminho para uma futura organização de nações, baseada na
igualdade". Em outros termos, desta conjunção de forças anti-fascistas, o Sr. Stalin espera um tal predomínio dos
elementos esquerdistas, que empurrem o mundo até então longe no caminho do
igualitarismo, que, com isto, o Kremlin se julgará bem compensado pela extinção
da III Internacional. Ou, em outros termos, é ainda em holocausto à bolchevização do mundo que a III Internacional foi
dissolvida.
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E, ainda, restarão neste Brasil numerosos ingênuos
que acreditarão na inocência de propósitos de Stalin e no repúdio da doutrina
comunista pelo Kremlin, tudo isto a despeito das declarações expressas e
categóricas do réu, isto é, do chefe do governo russo.