Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

Legionário, 9 de maio de 1943, N. 561

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Causa-nos o maior prazer registrar aqui o telegrama em que o presidente da Associação Internacional Católica Pró-Paz, de Nova York, Sr. Mac Maschon, exprimiu o desejo dessa entidade de que os Aliados só deponham as armas diante de uma rendição incondicional. É esta a única política razoável.

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Ninguém mais do que o “Legionário” tem timbrado em afirmar sua inabalável convicção de que o esmagamento das potências totalitárias constitui, não só para o Brasil mas para a Igreja Católica, uma necessidade. Se bem que dos próprios arraiais católicos mais de um protesto nos tem chegado contra tal tese antes do Brasil entrar em guerra e de se constituir a unanimidade nacional sobre o assunto, sempre mantivemos nossa posição firme. Com sobra de razão a manteremos hoje em dia.

Mas é preciso ser aliadófilo. O homem deve ser governado sempre pelo bom senso. E mesmo os sentimentos os mais nobres são passíveis de censura quando deixam as rotas seguras que o bom senso nos indica.

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Folgamos imensamente em que a ofensiva nazista se tenha quebrado diante de Stalingrado, na última ofensiva do III Reich. Neste sentido, é claro que, estimando um insucesso nazista, declaramos implicitamente estimar o sucesso russo. O próprio princípio da contradição em conseqüência do qual uma coisa não pode ser ao mesmo tempo ser e não ser, nos impõe tal conduta.

Entretanto, isto não quer dizer que considerássemos o êxito soviético outra coisa senão um mal menor. Mal menor que nem por isso deixa de ser um mal muito e muito grave.

O Brasil é um pais essencialmente católico. Não podemos, pois, estimando embora os insucessos nazistas, aplaudir de qualquer forma os homens que causaram a derrota germânica. Com efeito, não podemos separar a personalidade desses homens, de tal sorte que aplaudamos neles apenas o militar ou o diplomata, reprovando embora as outras "especialidades" desses homens, como seja de opressores do culto católico e defensores de um regime político e social irredutivelmente oposto ao que a doutrina católica preceitua. Há nódoas tais na vida de um homem que nada as pode apagar. Se Herodes fosse ótimo general, ou Caifás excelente diplomata, nem por isto incluiríamos as efígies desses deicidas abominandos em uma galeria de vultos dignos de aplausos. Ser comunista é uma nódoa assim. Não podemos, sob pretexto algum, aplaudir os comunistas. Aplaude-se o bem. Tolera-se apenas um mal menor. E isto com o propósito de o combater logo, muito e a fundo desde que as circunstâncias o permitam. É um mal menor (certamente muito desejável como tal) que os comunistas vençam os nazistas. Mas não é um bem.

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Esta observação tem muita importância. Fez-nos mal ouvir como em certos cinemas quando se exibiu a fita "Unidos venceremos", tão interessante, instrutiva e recomendável sob vários aspectos, certas pessoas aplaudiram indistintamente Schuschnigg e Timoschenco, isto é um soldado de Cristo e um bolchevista. Ainda agora um diário desta capital publicou a notícia de que se inaugurou em uma sociedade recreativa de uma tradicional e simpática cidade do interior um retrato de Timoschenco. Confessamos que, para os católicos, o único desejo seria de fazer em pedaços este retrato, rezando para que Deus, derrotando hoje os nazistas pelo braço bolchevista, liberte amanhã a Rússia e o mundo inteiro dessa verdadeira e péssima praga, que é o socialismo.

Nota: Os negritos são deste site.


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