No momento em que se fala em forças expedicionárias
nacionais que devem seguir para a África do Norte, é bom que o “Legionário”, exprimindo os pensamentos que
a doutrina católica lhe inspira, diga sobre o assunto algumas palavras.
E estas são, em primeira linha, de coragem e de
incitamento. Lutando na África, lutamos na realidade pelo Brasil, que tem diante de si o agressor nazista, duplamente
inimigo da Fé e da nacionalidade. Como nossos maiores, os heróis da luta contra
Dugay-Trouin e suas tropas
heréticas, contra Maurício de Nassau e suas milícias
protestantes, os brasileiros de hoje, defendendo sua pátria, concorrem para abater
ao mesmo tempo um dos mais potentes inimigos da Igreja no século XX.
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Estas reflexões nos levam a pensar em um assunto de
vital importância. Todos os nossos soldados são católicos. Batendo-se, cumprem
um dever que sua consciência religiosa lhes inspira, quer em relação à Igreja
quer em relação à Pátria. Para centuplicar suas energias morais, e para lhes
ser feito um verdadeiro ato de justiça, é altamente desejável que sejam
cercados de todos os confortos espirituais que a assistência religiosa lhes
pode dispensar.
Sabemos que nosso governo cogita no assunto.
Fazendo-o ele cuida de tomar uma atitude de alta sabedoria e justiça, já que
nenhum anseio é mais legítimo no mundo, do que o soldado católico que, em
vésperas de derramar o sangue pela Pátria, pede a esta tão somente que não lhe
recuse os meios de haurir na vida da graça os tesouros sobrenaturais que fazem
do militar um herói cristão admirável, e dão à sua alma a certeza do Céu.
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E tanto é mais fundada nossa expectativa neste
sentido, quanto sabemos que na Força Pública de São Paulo já desde antes da
guerra funciona muito bem a assistência religiosa. Também entre as tropas
aliadas às nossas, acentuadamente as norte-americanas, a assistência espiritual
é admirável.
Embora os católicos não constituam maioria da
população, possuem capelães próprios, com graduação na hierarquia militar, e a
mais ampla liberdade de movimentos. E freqüente são as fotografias que nos
mostram multidões de soldados católicos ianques, preparando-se para a luta no
campo de batalha e para a vida eterna, em recolhida oração durante o Santo
sacrifício da Missa.
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Em tudo isto, há um importante fator que não se
deve desprezar. É o fator moral. Quanto mais generoso e alegre o sacrifício de
um povo em tempo de guerra, tanto mais fecundo será o auxílio civil, e ,
implicitamente, tanto mais segura e rápida a vitória.
Ora, para as famílias católicas nada pode
constituir motivo de mais grave e justa apreensão, quanto a idéia de que os
seus combatentes possam correr o risco de morrer sem os Sacramentos, ou, ao
menos, sem a absolvição prévia antes do combate. Nenhuma tortura é maior do que
imaginar os feridos sem assistência do Sacerdote. E, reciprocamente, nada pode
suavizar mais a dor de uma perda, a tristeza de uma separação consentida
corajosamente por amor à Pátria do que a idéia de que Nosso Senhor Jesus Cristo, presente nas Sagradas
Espécies, está entre as tropas brasileiras, e fala aos soldados pela boca do
Sacerdote. Para uma mãe, uma esposa, uma irmã, uma filha, o mais alto dos
consolos será sempre este.
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Somos um povo católico. Nascemos na Fé e vivemos de
Fé. Se quisemos que, do alto do Corcovado, a imagem de Cristo Senhor Nosso
presidisse os destinos do País, com sobra de razão havemos de almejar que Nosso
Senhor Jesus Cristo esteja real e eucaristicamente presente nas nossas
falanges. Não pode haver para nós maior estímulo de luta nem maior esperança de
vitória.