Legionário, N.o 556, 4 de abril de 1943

7 DIAS EM REVISTA

Destacamos a seguinte notícia, fornecida pela agência belga de informações:

“Uma Carta Pastoral do Cardeal van Roey, Arcebispo de Malines, subscrita por dezenas de bispos belgas, denunciando o recrutamento dos súditos belgas para trabalhos forçados na Alemanha, foi lida domingo último em todas as igrejas da Bélgica.

- “Belgas - diz a carta Pastoral - estais sendo convocados pelas autoridades de ocupação, malgrado a intervenção das autoridades legais, do Rei e da Santa Sé. Protestamos contra isso, bem como contra a apreensão dos sinos das igrejas, contrariando a dispositivos da Convenção de Haia”.

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Em nossa última edição, consagramos numerosos tópicos desta seção à análise da recente declaração do Sr. Hitler de que, na Alemanha de post-guerra, não haveria lugar para qualquer diferença de classes sociais.

Ao que parece, esta incisiva declaração do Sr. Hitler causou má repercussão em vários círculos. O certo é que o Sr. Goebbels, fiel à linha de conduta de seu partido, que consiste em mentir, e mentir sempre, temperou a franqueza de seu chefe com uma nota em que elogia os melhores alemães, que procuram manter sua elegância, em tempo de guerra, acrescentando que “a guerra não poderá servir de pretexto para a plebeização”.

Estas contradições são freqüentes no nazismo, e lembram o severo e justo comentário de Pio XI: “O nazismo é a mentira incarnada”.

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Consideramos de maior importância o que declarou o Sr. Eric Johnston, presidente da Câmara do Comércio dos Estados Unidos, em discurso pronunciado no Instituto da Columbia: “As nações democráticas precisam premunir-se energicamente de caminhar para o totalitarismo, através da economia de guerra.”

Com efeito, é preciso distinguir-se claramente entre as medidas excepcionais exigidas pelo esforço de guerra, e a organização normal de uma sociedade em tempo de paz.

A hipertrofia das formações do Estado é a grande tentação dos tempos modernos. Se a ela sucumbirmos, o totalitarismo nos terá derrotado, ainda que tenha sido vencido nos campos de batalha.

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Leiamos as mais expressivas dentre as declarações do Sr. Johnston, um pouco eivadas, aliás, da doutrina de Rousseau, sobre a soberania popular:

“Os norte-americanos sempre desconfiaram dos governos fortes – salientou. Essas desconfianças continua sendo a melhor defesa contra o superestatismo. Cada vez que o Estado faz algo pelo indivíduo, o Estado – por esse ato – se torna mais poderoso e o indivíduo renuncia parte de seus direitos. Se este processo fosse até o fim, a conclusão lógica seria que o Estado se converteria no senhor – não no servidor – teria todo o poder e nenhum o teria o indivíduo. Em uma palavra: o Estado se converteria em total e absoluto. Tenho a convicção de que todos os norte-americanos que arriscam suas vidas nos campos de batalha não esperam ser tratados por um governo paternal, a seu regresso. Esperam que se lhes assegure a oportunidade – pois nesta – e somente nesta – vêm a verdadeira liberdade e segurança.”