Destacamos a seguinte notícia,
fornecida pela agência belga de informações:
“Uma Carta Pastoral do Cardeal van Roey, Arcebispo de Malines, subscrita por dezenas de bispos belgas,
denunciando o recrutamento dos súditos belgas para trabalhos forçados na
Alemanha, foi lida domingo último em todas as igrejas da Bélgica.
- “Belgas - diz a carta Pastoral -
estais sendo convocados pelas autoridades de ocupação, malgrado a intervenção
das autoridades legais, do Rei e da Santa Sé. Protestamos contra isso, bem como
contra a apreensão dos sinos das igrejas, contrariando a dispositivos da
Convenção de Haia”.
* * *
Em nossa última edição,
consagramos numerosos tópicos desta seção à análise da recente declaração do
Sr. Hitler de que, na Alemanha de post-guerra, não
haveria lugar para qualquer diferença de classes sociais.
Ao que parece, esta incisiva
declaração do Sr. Hitler causou má repercussão em vários círculos. O certo é
que o Sr. Goebbels, fiel à linha de conduta de seu
partido, que consiste em mentir, e mentir sempre, temperou a franqueza de seu
chefe com uma nota em que elogia os melhores alemães, que procuram manter sua
elegância, em tempo de guerra, acrescentando que “a guerra não poderá servir de
pretexto para a plebeização”.
Estas contradições são freqüentes
no nazismo, e lembram o severo e justo comentário de Pio XI: “O nazismo é a
mentira incarnada”.
* * *
Consideramos de maior importância
o que declarou o Sr. Eric Johnston,
presidente da Câmara do Comércio dos Estados Unidos, em discurso pronunciado no
Instituto da Columbia: “As nações democráticas
precisam premunir-se energicamente de caminhar para o totalitarismo, através da
economia de guerra.”
Com efeito, é preciso
distinguir-se claramente entre as medidas excepcionais exigidas pelo esforço de
guerra, e a organização normal de uma sociedade em tempo de paz.
A hipertrofia das formações do
Estado é a grande tentação dos tempos modernos. Se a ela sucumbirmos, o
totalitarismo nos terá derrotado, ainda que tenha sido vencido nos campos de
batalha.
* * *
Leiamos as mais expressivas dentre
as declarações do Sr. Johnston, um pouco eivadas,
aliás, da doutrina de Rousseau, sobre a soberania popular:
“Os norte-americanos sempre
desconfiaram dos governos fortes – salientou. Essas desconfianças continua
sendo a melhor defesa contra o superestatismo. Cada
vez que o Estado faz algo pelo indivíduo, o Estado – por esse ato – se torna
mais poderoso e o indivíduo renuncia parte de seus direitos. Se este processo
fosse até o fim, a conclusão lógica seria que o Estado se converteria no senhor
– não no servidor – teria todo o poder e nenhum o teria o indivíduo. Em uma
palavra: o Estado se converteria em total e absoluto. Tenho a convicção de que
todos os norte-americanos que arriscam suas vidas nos campos de batalha não
esperam ser tratados por um governo paternal, a seu regresso. Esperam que se
lhes assegure a oportunidade – pois nesta – e somente nesta – vêm a verdadeira
liberdade e segurança.”