Legionário, N.º 552, 7 de março de 1943

7 DIAS EM REVISTA

Aplaudimos calorosamente as atitudes que, sucessivamente, vêm tomando as autoridade estaduais no sentido de aliviar a situação dos súditos italianos aqui residentes.

Anti-fascista de velha data, o “Legionário” sempre entendeu que não se deveria estabelecer uma ligação injusta entre o regime que dirige presentemente os destinos daquele país, do qual divergimos, e a cultura italiana. Os súditos italianos aqui residentes, muitos dos quais perfeitamente irmanados com os brasileiros, são a justo título merecedores do regime que gradualmente lhe vai sendo criado por nossas autoridades.

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O Sr. Ghandi cessou mais de um de seus jejuns.

À luz do simples bom senso, dá a impressão de um herói de opereta, esse chefe revolucionário, nababescamente instalado no palácio do Aga-khan, ameaçando matar-se de inanição se não cederem as autoridades inglesas. Faz muito bem a administração britânica em não se importar com os jejuns do Sr. Ghandi. Para conservar sua existência, não há de pretender ele que um povo inteiro mude sua política tradicional. A Inglaterra deu-lhe liberdade de morrer de inanição. Mas, apesar de temperado por substanciosas limonadas, seu jejum não foi até o fim. E já hoje o Sr. Ghandi, debaixo das risotas do mundo inteiro, voltou à normalidade gastronômica que, talvez no segredo de seus aposentos, jamais tenha abandonado inteiramente.

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Lamentamos vivamente que tenham sido cremados os restos mortais da cantora brasileira Elsa Houston. Esse processo prévio de sepultamento é contrário à doutrina da Igreja. E, por isso mesmo, é impossível que a cremação tenha sido feita depois de missa de corpo presente. O telegrama que noticiou tal fato evidentemente não mencionou a seita protestante em que tal "missa" se teria realizado. Na Igreja Católica é que não foi.

Nós, aliás, o lamentamos.

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No momento em que os jornais noticiam a participação de forças brasileiras na grande guerra, os folguedos carnavalescos tomam um aspecto irreverente para com o sofrimento da Pátria e a hora grave que ela atravessa que, francamente, nos indignam.

Pensamos ser dever de todo bom patriota, máxime do verdadeiro católico que é o patriota por excelência, porque ama a Pátria por amor de Deus, abster-se categoricamente, quer o chamado carnaval de rua, quer de qualquer diversão carnavalesca.