As notícias que nos chegam da Grã-Bretanha exprimem
a grande reação que continua a despertar, no Reino Unido, o plano absolutamente
socialista do Sr. Beveridge.
Nota-se que os elementos mais expressivos da
cultura e tradições inglesas se recusam a consentir em todos os excessos, que
fazem de algumas medidas justas do plano Beveridge um verdadeiro golpe de
estado das forças igualitárias.
* * *
Esta observação é para nós de capital importância,
porquanto demonstra que se iludem os brasileiros precipitados e eternamente
sonhadores que quereriam aplicar, assodadamente entre
nós, os projetos socialistas do Sr. Beveridge.
Tivemos uma monarquia mais liberal que a da liberal
Inglaterra; instauramos uma república mais democrática que a dos Estados
Unidos; não nos leve agora o entusiasmo a desejar um plano social mais
esquerdista que o do Sr. Beveridge.
* * *
Terminadas com o dia dos Santos Reis Magos, as
festas do tempo de Natal, já começa a se fazer sentir a campanha em prol do
carnaval.
Estes velhos folguedos paganizantes
que tendem a desaparecer cada vez mais completamente de nosso meio, e a que só
uma propaganda inteiramente artificial pode conservar certas aparências de
vitalidade, são hoje em dia de uma inoportunidade flagrante.
Com efeito, no momento em que o Brasil se encontra
em guerra e exige de seus filhos sacrifícios cada vez maiores, as festas de
carnaval, enervando nos espíritos o sentido da luta e a coragem para o
sofrimento, produzem conseqüências nocivas ao país.
* * *
Seria por isto altamente conveniente que nossas
autoridades, além de negar aos folguedos carnavalescos todo e qualquer
concurso, proibissem ao menos o [...] carnaval de rua.
* * *
Poder-se-ia objetar certamente que as ocasiões de
sofrimento são aquelas em que é preciso animar o espírito público,
franqueando-lhe maior soma de prazeres.
Rejeitemos esta lógica própria de povos decadentes.
Todas as nações que se desfazem em ruínas procuram fugir à gravidade de sua
situação, afogando em prazeres as preocupações que não ousam encarar de frente.
Não é nas lutas carnavalescas que se preparam os
heróis para as lutas cruentas que a defesa da Pátria exige.
No momento oportuno se verá que os melhores defensores
da Pátria não se recrutaram nos clubes carnavalescos, mas nas fileiras desta
mocidade pura, que se forma nos retiros espirituais.