A carta com que o Marechal Pétain respondeu ao Sr. Adolf Hitler a missiva que lhe
havia enviado por ocasião da invasão da França “livre” pelas tropas nazistas,
não foi devidamente comentada por nossa imprensa. Causa-nos surpresa que esse
documento, que demonstra a perfeita solidariedade do velho militar com os
opressores de sua Pátria, não tenha sido objeto de análise quer de nossos
jornais, quer das agências telegráficas. Entretanto quanto haveria a dizer a
este respeito!
Qual o motivo do silêncio? Pretende-se que a carta
é forjada? Por que não o diz então o Almirante Darlan, que deve procurar lavar dessa carta a reputação daquele
de quem se diz lugar-tenente? Por que tem medo das represálias alemãs contra o
Sr. Pétain? Mas por que não teve o Sr. Darlan medo das mesmas represálias quando declarou
expressamente que o Sr. Pétain estava inteiramente
solidário com ele contra o nazismo, e representava uma simples comédia para
iludir o Reich? Mistérios e mistério, do qual o mutismo das agencias
telegráficas está longe de ser o menor.
* * *
O fato é que o Sr. Pétain
foi sempre um simpatizante do nazismo, mesmo antes da guerra, e, como tal,
sempre teve uma acentuada tendência para a cooperação com o Sr. Adolph Hitler. Essa tendência até agora não se desmentiu e
isso até mesmo quando a vitória das forças aliadas, cada vez mais provável, dá
ao Sr. Pétain interesse em se dissociar de seus
antigos amigos. Confirma-se assim, dolorosamente, tudo quanto o LEGIONÁRIO tem
escrito acerca da perseverança do Sr. Pétain na
política do “eixo”. O que, entretanto, absolutamente não quer dizer que,
continuando a ofensiva aliada a se desenvolver com êxito, o Sr. Pétain não procure fazer o mesmo jogo de “aproximação” que
os franceses de De Gaulle, isto é os franceses da verdadeira França, tanto censuram
ao Almirante Darlan.
* * *
Quanto ao General Franco é doloroso acentuar
que sua evolução política não tem sido muito diversa da do Sr. Pétain. Com um pouco de prudência a mais, e um pouco de
habilidade a menos, também o general Franco se tem mostrado solidário com o Sr.
Hitler, e ainda agora o declarou de modo tão notório que já não pode deixar
margem a qualquer dúvida. O Parlamento inglês debateu com ansiedade a situação
criada pelos recentes pronunciamentos do general Franco, e, segundo tudo
indica, os elementos germanófilos estão tendo na
Espanha uma preponderância cada vez maior.
* * *
Mas os fatos são claros e concludentes, e nos
asseguram uma vitória aliada, desde que pela vigilância e energia as forças anti-totalitárias saibam evitar até o fim as reviravoltas
espetaculares que o III Reich tão bem sabe preparar.
É para este ponto que todas as atenções devem estar
perseverantemente voltadas.