Legionário, N.º 541, 20 de dezembro de 1942

7 DIAS EM REVISTA

A carta com que o Marechal Pétain respondeu ao Sr. Adolf Hitler a missiva que lhe havia enviado por ocasião da invasão da França “livre” pelas tropas nazistas, não foi devidamente comentada por nossa imprensa. Causa-nos surpresa que esse documento, que demonstra a perfeita solidariedade do velho militar com os opressores de sua Pátria, não tenha sido objeto de análise quer de nossos jornais, quer das agências telegráficas. Entretanto quanto haveria a dizer a este respeito!

Qual o motivo do silêncio? Pretende-se que a carta é forjada? Por que não o diz então o Almirante Darlan, que deve procurar lavar dessa carta a reputação daquele de quem se diz lugar-tenente? Por que tem medo das represálias alemãs contra o Sr. Pétain? Mas por que não teve o Sr. Darlan medo das mesmas represálias quando declarou expressamente que o Sr. Pétain estava inteiramente solidário com ele contra o nazismo, e representava uma simples comédia para iludir o Reich? Mistérios e mistério, do qual o mutismo das agencias telegráficas está longe de ser o menor.

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O fato é que o Sr. Pétain foi sempre um simpatizante do nazismo, mesmo antes da guerra, e, como tal, sempre teve uma acentuada tendência para a cooperação com o Sr. Adolph Hitler. Essa tendência até agora não se desmentiu e isso até mesmo quando a vitória das forças aliadas, cada vez mais provável, dá ao Sr. Pétain interesse em se dissociar de seus antigos amigos. Confirma-se assim, dolorosamente, tudo quanto o LEGIONÁRIO tem escrito acerca da perseverança do Sr. Pétain na política do “eixo”. O que, entretanto, absolutamente não quer dizer que, continuando a ofensiva aliada a se desenvolver com êxito, o Sr. Pétain não procure fazer o mesmo jogo de “aproximação” que os franceses de De Gaulle, isto é os franceses da verdadeira França, tanto censuram ao Almirante Darlan.

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Quanto ao General Franco é doloroso acentuar que sua evolução política não tem sido muito diversa da do Sr. Pétain. Com um pouco de prudência a mais, e um pouco de habilidade a menos, também o general Franco se tem mostrado solidário com o Sr. Hitler, e ainda agora o declarou de modo tão notório que já não pode deixar margem a qualquer dúvida. O Parlamento inglês debateu com ansiedade a situação criada pelos recentes pronunciamentos do general Franco, e, segundo tudo indica, os elementos germanófilos estão tendo na Espanha uma preponderância cada vez maior.

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Mas os fatos são claros e concludentes, e nos asseguram uma vitória aliada, desde que pela vigilância e energia as forças anti-totalitárias saibam evitar até o fim as reviravoltas espetaculares que o III Reich tão bem sabe preparar.

É para este ponto que todas as atenções devem estar perseverantemente voltadas.