Legionário, N.º 537, 22 de novembro de 1942

7 DIAS EM REVISTA  

Sempre sustentamos que os aspectos políticos do nazismo, por mais tristemente importantes que sejam, são secundários dentro do plano geral da ideologia presentemente adotada no III Reich. Com efeito, toda a atividade política, econômica e militar do nazismo está subordinada a suas intenções religiosas, que consistem formalmente na extinção da Igreja Católica [...] e de tudo enfim que possa lembrar, no mundo, Nosso Senhor Jesus Cristo. Intento vão, intento louco, intento criminoso, que bem demonstra que o Sr. Hitler é o continuador genuíno dos Enciclopedistas que, com Voltaire à testa, tinham por norma écraser l’infâme... l’infâme era, para esses homens, a Santa Igreja de Deus!

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Estas considerações poderão parecer descabidas e fantasiosas às pessoas afetadas pela miopia moderna, que vê pouco, vê mal, e sobretudo não vê longe, pelo que tomou o hábito de analisar as coisas pelos seus aspectos mais baixos e imediatos. É a isto que se chama realismo. Entretanto não é isto senão a mutilação da realidade. Pensar que o nazismo pode ser explicado simplesmente por razões humanas e interesseiras é um erro flagrante. O nazismo é antes de tudo, acima de tudo, e essencialmente uma grande heresia.

Disto dá um valioso testemunho um escritor que está longe de participar de nossos pontos de vista no tocante a certas questões religiosas. Escrevendo no “Estado de São Paulo”, Philip Carr afirmou que a “perseguição alemã aos católicos poloneses revelou uma ferocidade calculada, que é dificilmente acreditável em um povo que se presa de civilizado. Esses católicos não foram apenas perseguidos como poloneses e, banidos ou assassinados com milhões de seus concidadãos, mas foram perseguidos especificamente como católicos”.

Especificamente como católicos: é esta a realidade.

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O mesmo articulista insere em seu trabalho esta informação significativa: “O relatório apresentado ao Papa pelo Cardeal Hlond afirma que a sua catedral foi transformada em garagem e sua capela em salão de baile, que todo o patrimônio da Igreja foi confiscado e os mais eminentes católicos foram executados”.

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Os fracassos recentes dos nipônicos no Extremo-Oriente tornam menos alarmante o perigo de uma revitalização do paganismo naquelas regiões. Entretanto, ainda continua importante o problema da posição assumida pelos católicos do Extremo-Oriente perante os acontecimentos políticos dramáticos que ali se desenrolam.

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É com maior prazer que damos uma notícia oficial sobre a atitude de nossos irmãos na Fé, os católicos hindus, publicada no "Mensageiro Católico" de Ceilão, e que é um verdadeiro monumento de senso católico:

1) apoio incondicional dos católicos em favor do esforço de guerra britânico;

2) liberdade para a Índia, mas não presentemente, dado que há reais dificuldades para a realização dessa liberdade, e essas dificuldades precisam ser previamente removidas;

3) em qualquer nova constituição, os direitos dos cristãos precisam ser salvaguardados tanto quanto o das maiorias pagãs.