Temos uma nota altamente edificante e comovedora a
comunicar a nossos leitores acerca do falecimento do grande Cardeal Dom
Sebastião Leme. Devotíssimo de Nossa Senhora,
e sentindo que se aproximavam seus últimos momentos, mandou vir sua fita de
Congregado Mariano e seu Rosário, e com eles morreu!
Sirva-nos este grande exemplo para acentuar sempre
mais nosso apego a tudo quanto a Santa Igreja mobiliza em prol da devoção à
grande Mãe de Deus, meio indispensável para a salvação de nossa alma.
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Ainda continuam, em alguns jornais, ecos dos
debates travados em torno da presença e atuação, entre nós, de sacerdotes
estrangeiros. É preciso que a opinião católica – isto é cada católico em
particular, em todos os ambientes que freqüenta – timbre em acentuar que, se
questão houve, está ela inteiramente encerrada com o pronunciamento do grande e
saudoso Cardeal Dom Sebastião Leme a respeito do assunto. E, portanto, o
público católico – o que eqüivale dizer o público em geral – se desinteresse
absolutamente deste tema, que perdeu sua atualidade, e a respeito do qual
qualquer novo comentário será supérfluo.
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A este propósito, devemos dizer duas palavras
acerca de um tópico que, em um diário, escreveu certo jornalista. Disse esse
escritor que pessoa de sua família soube de sacerdote alemão o qual pregava do
púlpito que, para a perfeição de nossa alma, deveríamos suportar com paciência
as mais cruéis injurias. Nisto, quis aquele escritor ver uma insinuação
política: o sacerdote estaria afirmando que o Brasil deveria suportar sem
revide o torpedeamento de seus navios. E o escritor conclui que: “numa época
normal e pacífica, essa tese, que é do Evangelho, será defensável. Não o é
hoje, e muito menos o será na linguagem de um sacerdote alemão. Por algum
tempo, pelo menos enquanto durar a guerra, haveremos de estar surdos a todas as
vozes celestiais que nos preparem o espírito para a humilhação e para derrota”.
Eis aí em linguagem bem tipicamente nazista, de um
escritor que desconfia dos sentimentos do sacerdote alemão a que se refere.
Mostraremos porque.
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Em última análise o que esse escritor sustenta é
que há preceitos evangélicos – precisamente os mais sublimes, o dever do
perdão, da misericórdia, etc. – que conduzem o homem à decadência, à ruína, ao
rebaixamento, à derrota. Bons em tempo de paz para evitar brigas de comadre ou
aventuras de botequim, tornam-se em tempo de guerra absolutamente nocivos.
Neste tempo, o brio da Nação se ergue, suas reservas morais vibram, a salvação
pública exige energia e a reparação do brio nacional ultrajado impõe
combatividade. Terá então chegado o momento de fechar o Evangelho que, aplicado
a situações como esta, será uma escola de desfaçatez e baixeza. E será preciso
pregar o ódio “AO MENOS ENQUANTO A GUERRA DURAR”. “Ao menos”, acentuamos. Isto
é, é preciso muito depois ainda, continuar a alimentar o espírito de revanche.
Não é outro o pensamento do nazismo.
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Com efeito, um dos motivos que o Sr. Hitler alega para
perseguir a Religião Católica está precisamente nas reflexões do nosso
jornalista. Entende ele que os povos não podem sobreviver pelo amor, mas pelo
ódio, e que a doutrina do Evangelho, pregando sempre o amor, desfibra o homem e
o torna incapaz de ser um verdadeiro herói da pátria. Pelo menos quando o homem
é bastante equilibrado para levar a sério sua Religião, e não se servir dela
apenas para tempo de paz, como sugere nosso jornalista.
Como se vê, nosso jornalista suspeitava do nazismo
do Padre. E nazista, inconscientemente talvez, é ele próprio.
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Entretanto, a verdade é que tanto o Sr. Hitler
quanto nosso jornalista estão fundamentalmente errados. A doutrina de Nosso
Senhor Jesus Cristo prega certamente o perdão e a misericórdia, mas não prega a
cretinicice. Quando um adversário investe contra nós
para nos roubar os maiores bens da alma e do corpo, é para nós um direito
sagrado, a defesa, e mais do que isto
constitui um grave e imperioso dever. Assim, os Cruzados, por exemplo, não
duvidaram em efundir sangue sarraceno para libertar o Santo Sepulcro e as Cristandades do Oriente. A Inquisição não duvidou em
acender fogueiras para defender a Fé e a civilização... e tanto não duvidou,
que até passou consideravelmente da conta e dos limites. E quantos outros casos
análogos não poderíamos citar! Santa Joana d'Arc, por
exemplo, não fechou o Evangelho quando partiu em guerra para a libertação de
sua Pátria, mas cumpriu um altíssimo dever evangélico quando o fez. O que
pensa, pois, nosso jornalista de tudo isto?
Querem saber o que provavelmente pensa? Terá tido
um calafrio lendo o que dissemos, e terá pensado que somos muito atrasados,
porque Religião não é Cruzada, nem Santa Joana d'Arc,
Religião é... doçura... ou seja imbecilidade!
Religião é doçura, sim. Mas só é doçura nos casos
em que a doçura não se confunde com estupidez.