Legionário, N.º 518, 16 de agosto de 1942

7 Dias em Revista

Conforme noticiaram os jornais na última semana, sobe a 150 mil o número de operários franceses que foram encaminhados à Alemanha pelo governo de Vichy, enquanto o Reich restituiu à França 50 mil prisioneiros.

Compreendemos perfeitamente o contentamento das famílias desses prisioneiros, que hoje se rejubilam, com a volta ao lar de seus chefes, de seus filhos, de seus irmãos, depois de uma separação longa e angustiosa. Mas não pode ser este nosso único sentimento diante de tal fato.

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Com efeito, acima, infinitamente acima da família terrena há uma família sobrenatural que é a Santa Igreja Católica. Também ela chora com lágrimas de Mãe os filhos que dela se distanciam. E isto tanto mais quanto sair da Igreja é correr o risco não de uma morte que a Ressurreição há de vencer, mas de morte eterna nas chamas do inferno.

Ora os 100 mil operários franceses que agora vão trabalhar no Reich terão sua Fé exposta a mil perigos, e mil ocasiões próximas e gravíssimas de pecado. A Igreja chora, pois, a situação de 100 mil de seus filhos, que vão assim ser entregues à propaganda totalitária. E é preciso não ter o menor vestígio de senso católico para não chorar com a Igreja um perigo tão grande.

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A este propósito, vem-nos ao espírito um memorável discurso em que Santo Padre Pio XI manifestava sua dor pelo fato de serem enviados a Alemanha numerosos operários italianos a fim de fazerem ali um aprendizado que se transformaria gradualmente em apostasia.

Nessa ocasião, os sentimentos da Santa Igreja sobre o assunto ficaram bem claros, e outra coisa não podemos fazer senão vibrar de dor juntamente com ela, quando o mesmo fato se repete agora em proporção entretanto verdadeiramente ciclópicas.

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A respeito da situação na Índia, temos apenas uma palavra de contentamento a pronunciar. Tardava o gesto enérgico das autoridades britânicas que paralisasse inteiramente os cabeças do motim hindu, o que sobretudo é interessante verificar é que na realidade a grande massa hindu não acompanhava o pensamento de Ghandi, e que a suposta influência deste não era senão um grande bluff político preparado por certa propaganda.

Entretanto, estes gestos de energia só são eficazes quando prolongados e inquebrantáveis. Seria necessário que, ainda mesmo que um surto de recrudescimento se verifique na situação hindu, as autoridades britânicas se manifestem firmes. Só assim o progresso nipônico e pagão do Extremo Oriente poderá ser detido.