[...] O LEGIONÁRIO, se bem que resolutamente
antifascista, sempre se opôs a certas campanhas que, pretextando visar os erros
do totalitarismo italiano, atingiam na realidade o povo da Itália. Não devemos
identificar esse povo — um dos mais gloriosos da Cristandade — com os erros do
fascismo. Como brasileiros e como católicos, se bem que formulemos as mais
expressas reservas contra a política do atual governo italiano, julgamos de
vital importância que não se identifique a Itália — escrínio no qual o Providência
situou a Sede de Pedro — com erros políticos, aliás gravíssimos, de seus atuais
dirigentes.
Nestes termos, consideramos excelente a medida
adotada pela Superintendência de Segurança Política e Social que facilita
imensamente, para os cidadãos italianos, as formalidades a que, por motivos
evidentemente justíssimos, estão submetidos os súditos das potências
totalitárias.
* * *
Para os cidadãos japoneses e alemães, continuam em
vigor as precauções exigidas por nossa polícia. E tem esta toda a razão. Há, é
certo, súditos teutônicos ou nipônicos que não são solidários com os desmandos
de seus respectivos governos. Mas precisamente porque esses dois países não são
unanimemente católicos — e, pelo contrário, têm forte população acatólica — a reação
contra o totalitarismo, circunscrita na Alemanha a apenas uma fração da
população, é no Japão quase nula. Este fato se reflete evidentemente nas
colônias aqui estabelecidas, e leva nossa polícia a agir com toda a cautela.
Se esta diferença agasta aqueles que não tem a
menor culpa pelos erros dos seus governos, o agastamento deve voltar-se contra
estes e não contra precauções indispensáveis de nossa polícia.
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Recebemos de quando em vez cartas anônimas de um
fanático da Revolução Espanhola, que se estende em digressões, por vezes calmas
e lúcidas, por vezes truculentas e arrebatadas, ao que ele qualifica nossa “hispanofobia”. É de se supor que o estado de espírito desse
missivista anônimo não seja só dele, mas de mais de um partidário da benemérita
Revolução Espanhola, que, na amargura da luta e no entusiasmo do triunfo, tenha
perdido a calma necessária para ajuizar da complexidade dos fenômenos políticos
que se vem desenrolando em sua terra.
Assim, julgamos conveniente acentuar que o General Queipo de Liano, que ninguém pode qualificar de “anti-espanhol”,
foi levado a uma atitude de franca oposição ao General Franco, e que se encontra, no momento presente, privado de todas
as funções de mando.
O que quer dizer isto senão que realmente as conivências do Sr. Serrano Suner com o “eixo” enchem
de apreensões mesmo espanhóis absolutamente integrados na causa da Revolução, e
que eles temem que o Sr. Franco seja arrastado a rumos políticos bem diversos
dos propósitos essencialmente católicos com que, no campo de batalha, morriam
os heróicos saldados da Revolução?