Legionário,  N.º 511, 28 de junho de 1942

7 Dias em Revista

A queda de Tobruck foi inesperada, e tão inesperada que o próprio comunicado das forças nazistas acentuou a surpresa que os soldados teutônicos sentiram ao perceber que um oficial britânico se destacava das fortificações, conduzindo propostas de paz. E a indignação que o fato ocasionou na Câmara dos Comuns é outra prova de que ninguém esperava um tão rápido desfecho para a ofensiva que o marechal Rommel desenvolvia na África.

Este fato faz-nos lembrar a misteriosa rendição da fortaleza de Liège, e mil outros episódios enigmáticos desta guerra, que confirmam a impressão de que as falanges nazistas se estão atirando contra colossos brocados inteiramente pelo cupim. Às vezes com um simples murro, com um piparote até desfazem-se resistências que vinham criando prolongados embaraços à expansão totalitária.

Tudo isto demostra a atuação persistente da 5ª coluna e congêneres, na retaguarda dos países adversários do “eixo”, e indica a premente necessidade de uma vigilância meticulosa, a fim de serem evitadas tanto quanto possível surpresas desta em outros lugares.

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É preciso acrescentar que só alguma pessoa absolutamente ingênua não poderia entrever, através da vitória de Tobruck e, em geral, do sucesso da campanha da África para as armas nazistas, a cumplicidade oprobiosa do governo de Vichy, que certamente empregou para transporte de homens, mercadorias, etc.

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Publicamos em outro local desta folha a formosa alocução de Frei Sebastião Tauzin O.P., na festa de Santa Joana D’Arc. Algumas das asserções feitas ali pelo ilustre dominicano francês são singularmente confirmadas pela seguinte alocução de Laval, transmitida para o mundo inteiro pela agência oficiosa de Vichy, HTM:

“Depois de pormenorizada exposição acerca da situação dos trabalhadores na França, o Sr. Laval declarou que recebera notificação de que doravante todas as facilidades concedidas aos prisioneiros franceses no Reich estavam revogadas  e todas as libertações, mesmo a título individual, estavam suspensas visto que desde que a Alemanha iniciou a guerra aos russos, a mão de obra de grande número de prisioneiros se lhe tornou indispensável. Prosseguindo disse: “Na França, as matérias-primas nos faltam, as nossas fábricas trabalham em ritmo reduzido, o desemprego se agrava. Numerosos operários estão sem trabalho, enquanto a Alemanha tem necessidade urgente de mão de obra.

Nesta situação, nova esperança se levanta para os nossos prisioneiros. Sei que nunca é em vão fazer um apelo à razão e à generosidade dos operários da França. É  para eles que me volto, porque é deles em larga parte que vai depender doravante a sorte dos nossos prisioneiros. Se responderem ao meu apelo, se concordarem em ir trabalhar na Alemanha, sei que ali encontrarão bom acolhimento, que alcançarão de início uma recompensa pela separação, salários elevados e garantirão a vida das suas famílias, às quais poderão enviar mensalmente importante parte dos seus ordenados.

O chanceler Hitler acaba de decidir a libertação de um número importante de prisioneiros agricultores, que poderão voltar à França com a vossa chegada à Alemanha.

“Operários de França! é para libertação dos prisioneiros que ireis trabalhar na Alemanha! É pelo nosso país que ireis em grande numero! É para permitir que a França encontre o seu lugar na Europa que respondereis ao meu apelo”.

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Temos chamado a atenção de nossos leitores para o revigoramento do paganismo no extremo-Oriente, em conseqüência do prestígio que o neo-paganismo nazista trouxe às religiões pagãs asiáticas. De um discurso do general Haia Tada, do exército nipônico, extraímos o seguinte texto:

“A polícia japonesa é de expansão nacional. As duas grandes missões, recebidas do céu, e que são obrigações do nosso império, assim se especificam: 1º. chefiar um movimento contra a tirania e a supremacia dos povos brancos, bem como realizar a guerra de tipo racial, destinada a emancipar os povos amarelos, do Oriente, da escravizadora opressão exercida pelos brancos; 2º. retificar a civilização material do Ocidente por meio da civilização moral do Oriente”.