Do Norte,
chega-nos a notícia de que o Rev.mo. Sr. D. José Ibramas, Bispo Diocesano de Aracajú, acaba de
lançar um decreto de excomunhão contra os diretores e redatores da folha
"O Nordeste", jornal que se edita naquela capital e, seja dito de
passagem, nada tem de comum com um órgão de Imprensa de mesmo nome, valoroso
diário católico de Natal. Em seu decreto, afirma o Ex.mo. Rev.mo Sr. Bispo que
aquela folha desacatava gravemente a Religião, pelo que convinha premunir
contra sua ação nefasta os católicos de Aracajú,
dando-se ao mesmo tempo, exemplar punição aos faltosos. A campanha anti-católica do "Nordeste" tinha por tema
predileto atacar odiosamente o clero estrangeiro.
O vigoroso
gesto de S. Ex.a. Rev.ma. tem a nossa mais respeitosa solidariedade. Com
efeito, em uma época em que os excessos da impiedade se tornam cada vez mais
freqüentes e o vício se ostenta com insolência sempre maior, devemos abater com
golpes de uma robusta e sadia combatividade a cerviz dos adversários da Igreja.
Quanto ao clero estrangeiro devem os católicos ter como ponto de honra
apoiá-los vigorosamente contra as calúnias que elementos mal intencionados
começam a por em circulação.
* * *
Merece especialíssimo registro o recente discurso em que o
Marechal Pétain se declara de modo franco e decisivo, confuso
com o insucesso de sua administração na França, asseverando que não logrou
conquistar a simpatia das massas dos franceses, nem deter em seu curso a ação
dos especuladores e negocistas, que se enriquecem no
momento atual, à custa da miséria do povo francês.
Fazemos nossos
melhores votos de que os franceses residentes no Brasil - ou antes aqueles que
estão solidários com o Sr. Pétain - cuja atitude
causa indisfarçável consternação a todos os
verdadeiros amigos da França, compreendam finalmente que, colocando-se de modo
tão incondicional ao lado do velho chefe político, não estão servindo a França,
mas causando greve prejuízo a seus mais fundamentais interesses.
* * *
A insuspeitíssima agência telegráfica "HTM", que
presta à propaganda nazista tão valiosos serviços, noticiou na semana passada
que mais de 400 pessoas já foram fuziladas na Tchecoslováquia
por motivo do assassínio do Sr. Heydrich,
representante do Sr. Hitler naquela desditosa nação.
* * *
Em discurso a
delegações operárias francesas reunidas em Vichy, o
Sr. Pierre Laval declarou que os franceses devem desejar
ardentemente a vitória da Alemanha, pelo que se devem dispor, de boa mente, a
trabalhar nas fábricas germânicas, a fim de permitir que um número maior de
alemães siga para o "front".
Confere.
* * *
Em recente
almoço realizado em Vichy, no qual tomaram parte os
Srs. Pétain e Laval, disse
aquele:
"Desde que
Laval se encontra no poder conquistou confiança não
somente, por suas promessas de governo, mas também por seus atos. Sou eu o
primeiro a dar exemplo. Já não existe divergência alguma entre nós. Ao retornar
ao poder, Laval deu-me sua confiança. Estreitamos as
mãos e continuamos caminhando juntos. Sempre que Laval
fala, o faz de acordo comigo e é como se eu próprio falasse. Existe uma
perfeita comunhão de idéias entre nós, entre nossos pensamentos e entre nossos
atos. Existe uma total inteligência e uma confiança absoluta entre Laval e eu".
Em seguida,
falou o Sr. Pierre Laval,
que declarou entre outras coisas:
"Pela
primeira vez, marechal, eu me encontro junto a vós numa cerimônia oficial.
Vossas palavras tocam diretamente meu coração. Não tenho senão uma só ambição:
defender meu país com toda minha fé e com toda minha devoção. O que acabais de
dizer tornará mais fácil a execução de minha tarefa".
Também não
confere?
* * *
O camarada Litvinoff, embaixador russo em Washington, em recente discurso, [disse] que
"gostaria de acreditar” que existem milhões de alemães imunes do
pernicioso germe nazista, os quais estão olhando para a vitória das Nações
Unidas.
Farsa ridícula!
Que é o "perigoso germe nazista" senão o odioso germe comunista,
ligeiramente disfarçado.
Em todo caso, a
propaganda nazista não terá deixado de se utilizar avidamente dessa estulta (?)
declaração, para persuadir os ingênuos de que, realmente, entre nazismo e
comunismo existe uma divergência ideológica indiscutível.