Legionário,  N.º 510, 21 de junho de 1942

7 DIAS EM REVISTA

Do Norte, chega-nos a notícia de que o Rev.mo. Sr. D. José Ibramas, Bispo Diocesano de Aracajú, acaba de lançar um decreto de excomunhão contra os diretores e redatores da folha "O Nordeste", jornal que se edita naquela capital e, seja dito de passagem, nada tem de comum com um órgão de Imprensa de mesmo nome, valoroso diário católico de Natal. Em seu decreto, afirma o Ex.mo. Rev.mo Sr. Bispo que aquela folha desacatava gravemente a Religião, pelo que convinha premunir contra sua ação nefasta os católicos de Aracajú, dando-se ao mesmo tempo, exemplar punição aos faltosos. A campanha anti-católica do "Nordeste" tinha por tema predileto atacar odiosamente o clero estrangeiro.

O vigoroso gesto de S. Ex.a. Rev.ma. tem a nossa mais respeitosa solidariedade. Com efeito, em uma época em que os excessos da impiedade se tornam cada vez mais freqüentes e o vício se ostenta com insolência sempre maior, devemos abater com golpes de uma robusta e sadia combatividade a cerviz dos adversários da Igreja. Quanto ao clero estrangeiro devem os católicos ter como ponto de honra apoiá-los vigorosamente contra as calúnias que elementos mal intencionados começam a por em circulação.

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Merece especialíssimo registro o recente discurso em que o Marechal Pétain se declara de modo franco e decisivo, confuso com o insucesso de sua administração na França, asseverando que não logrou conquistar a simpatia das massas dos franceses, nem deter em seu curso a ação dos especuladores e negocistas, que se enriquecem no momento atual, à custa da miséria do povo francês.

Fazemos nossos melhores votos de que os franceses residentes no Brasil - ou antes aqueles que estão solidários com o Sr. Pétain - cuja atitude causa indisfarçável consternação a todos os verdadeiros amigos da França, compreendam finalmente que, colocando-se de modo tão incondicional ao lado do velho chefe político, não estão servindo a França, mas causando greve prejuízo a seus mais fundamentais interesses.

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A insuspeitíssima agência telegráfica "HTM", que presta à propaganda nazista tão valiosos serviços, noticiou na semana passada que mais de 400 pessoas já foram fuziladas na Tchecoslováquia por motivo do assassínio do Sr. Heydrich, representante do Sr. Hitler naquela desditosa nação.

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Em discurso a delegações operárias francesas reunidas em Vichy, o Sr. Pierre Laval declarou que os franceses devem desejar ardentemente a vitória da Alemanha, pelo que se devem dispor, de boa mente, a trabalhar nas fábricas germânicas, a fim de permitir que um número maior de alemães siga para o "front".

Confere.

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Em recente almoço realizado em Vichy, no qual tomaram parte os Srs. Pétain e Laval, disse aquele:

"Desde que Laval se encontra no poder conquistou confiança não somente, por suas promessas de governo, mas também por seus atos. Sou eu o primeiro a dar exemplo. Já não existe divergência alguma entre nós. Ao retornar ao poder, Laval deu-me sua confiança. Estreitamos as mãos e continuamos caminhando juntos. Sempre que Laval fala, o faz de acordo comigo e é como se eu próprio falasse. Existe uma perfeita comunhão de idéias entre nós, entre nossos pensamentos e entre nossos atos. Existe uma total inteligência e uma confiança absoluta entre Laval e eu".

Em seguida, falou o Sr. Pierre Laval, que declarou entre outras coisas:

"Pela primeira vez, marechal, eu me encontro junto a vós numa cerimônia oficial. Vossas palavras tocam diretamente meu coração. Não tenho senão uma só ambição: defender meu país com toda minha fé e com toda minha devoção. O que acabais de dizer tornará mais fácil a execução de minha tarefa".

Também não confere?

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O camarada Litvinoff, embaixador russo em Washington, em recente discurso, [disse] que "gostaria de acreditar” que existem milhões de alemães imunes do pernicioso germe nazista, os quais estão olhando para a vitória das Nações Unidas.

Farsa ridícula! Que é o "perigoso germe nazista" senão o odioso germe comunista, ligeiramente disfarçado.

Em todo caso, a propaganda nazista não terá deixado de se utilizar avidamente dessa estulta (?) declaração, para persuadir os ingênuos de que, realmente, entre nazismo e comunismo existe uma divergência ideológica indiscutível.