Infelizmente realizaram-se quanto a Pétain os mais sombrios e mais severos prognósticos do
LEGIONÁRIO. Como já tivemos ocasião de afirmar, o velho militar cuja
constância, alimentada pelo gênio católico de Foch, outrora alcançou triunfos em Verdun,
é hoje instrumento dócil e apaixonado do "eixo". A este respeito,
todas as ilusões serão vãs, dissemos. E foram.
A Inglaterra e os Estados Unidos praticaram, em
relação ao governo de Vichy, uma política de
tolerância levada ao extremo. Preferiram confiar. Facilitaram o mais possível
ao Sr. Pétain sua tarefa
administrativa. Tiraram-lhe, um por um, todos os pretextos para uma atitude germanófila. Pacientemente, fleugmaticamente,
o Sr. Pétain se utilizava desses recursos em
benefício de seus aliados de coração, isto é, dos totalitários. E o dia veio,
finalmente, em que não foi mais possível ocultar a triste realidade.
Digamos a verdade em termos crus: O Sr. Pétain desviou para os inimigos de sua Pátria e da
civilização, isto é, os nazistas, os víveres que a lealdade anglo-yanque
destinava a aliviar a miséria das multidões na França. Em outros termos,
morressem de fome as crianças e os velhos na França, pouco importava; o que era
substancial é que as tropas de von Rommel pudessem nutrir-se com víveres ingleses, para melhor
poder matar os próprios ingleses. Os fatos são estes. Para que qualificá-los?
* * *
Mais uma vez esses fatos impõem um silêncio confuso
e mal humorado aos que, quando começamos a denunciar a atitude do Sr. Pétain, se levantaram contra nós cheios de furor.
Infelizmente, podemos hoje acrescentar que há na Europa dois estadistas que têm
uma posição muito parecida com a do Sr. Pétain, e
que, cedo ou tarde, tomarão atitude análoga a dele. Queira Deus que nos
enganemos. Nada, entretanto, nos autoriza em sã lógica a duvidarmos das razões
que fundamentam nossa opinião.
* * *
A respeito do Sr. Pétain,
ainda uma observação se impõe. Enquanto ele simulava longamente uma comédia a
fim de melhor servir os alemães, fazia ao elemento católico da França toda a
sorte de mesuras e gentilezas. Muita gente acreditou nisto, como acreditou na
"neutralidade" do governo de Vichy. Não
compreendemos, entretanto, como se possa desejar o Reinado de Cristo na França,
apoiando ao mesmo tempo com desvelos de irmão, os que na Alemanha injuriam,
vilipendiam e perseguem a Nosso Senhor Jesus Cristo. Não se pode ser a um tempo
amigo de São Pedro e de Herodes. E se alguém simula
essa atitude, está enganando a um dos dois pretensos amigos. O Sr. Pétain se fez de amigo, simultaneamente, do Sr. Hitler e da
Igreja. A qual dos dois estaria enganando? Quando se fez amigo dos EE.UU. e da
Alemanha, era aos EE.UU. que estava enganando. Para que dizer mais?