De S. Ex.a Rev.ma, o Sr. Dom Bento Aloisi Masella, Arcebispo Titular
de Cesaréa na Mauritânia e Núncio Apostólico do Santo
Padre Pio XII junto ao governo do Brasil, recebeu o Ex.mo e Rev.mo Mons. Dr.
Antônio de Castro Mayer a seguinte carta:
“Causou-me verdadeiro prazer o “Relatório da Junta
Arquidiocesana da Ação Católica de São Paulo”, sobretudo por haver podido
verificar que sua orientação se baseou sobre as linhas clássicas traçadas pelo
imortal Pontífice Pio XI, e como Assistente Geral e todos os seus outros
colaboradores tiveram sempre em mira a ardente aspiração de Santo Inácio: “Sentire cum Ecclesia”. O amor ao Papa e à Santa Igreja: eis o
indispensável ponto de partida para um apostolado realmente fecundo.
Abençoando-o de coração, subscrevo-me de V. Rev.ma, devotíssimo
servo (a) Bento, Arcebispo de Cesaréa, e Núncio Apostólico.”
* * *
Essa expressiva e belíssima carta chegou às mãos do
Ex.mo e Rev.mo Mons. Dr. Castro Mayer no próprio dia em que nesta Capital os
jornais publicaram sua significativa elevação à dignidade de Vigário Geral.
Quem conhece S. Ex.a Rev.ma, e sabe o papel
eminente e central que, em sua mentalidade, ocupa a Santa Igreja de Deus; quem
sabe de seu devotamento incondicional e ardentíssimo
ao Sumo Pontífice e a Sé Romana, nota bem que o Ex.mo e Rev.mo Sr. Núncio
Apostólico soube tocar a corda mais delicada desse grande e generoso coração
sacerdotal, e fazer-lhe de todos os elogios, precisamente aquele que mais
profundamente o sensibilizaria.
Não é necessário acrescentar que vindo tão altos e
nobres conceitos de quem representa, no Brasil, o Santíssimo Padre
gloriosamente reinante, de quem possui, portanto, além de autoridade que lhe
conferem relevantissimas qualidades pessoais, ainda a
autoridade inconfundível desse augusto cargo, essas palavras se revestem de uma
significação verdadeiramente histórica nos anais da Ação Católica de S. Paulo.
* * *
Disse bem, e muito bem, o Ex.mo e Rev.mo Sr. Núncio
Apostólico: da primeira à última página desse Relatório, o que se nota é um
ardentíssimo amor a tudo quanto é católico. Ao disciplinar as relações entre as
associações auxiliares e as organizações fundamentais da Ação Católica; ao
definir a posição do assistente Eclesiástico dentre dos setores da Ação
Católica; ao definir as relações de respeito e profundíssima consideração que
esses setores devem manter com as Ordens Religiosas; ao traçar os princípios
básicos da formação espiritual, na Ação Católica; ao estruturar setores importantes
e delicados como a JEC; o Ex.mo e Rev.mo Mons. Castro Mayer, sempre e
invariavelmente estribado na autoridade sagrada do Ex.mo e Rev.mo Sr. Arcebispo
Metropolitano, outra coisa não faz senão obedecer à grandiosa concepção do
Santo Padre Pio XI, na pureza de suas linhas clássicas, acerca da Ação
Católica.
A obra de Pio XI está, pois, em São Paulo em vias
de realização. Que melhor elogio se poderia esperar da Autoridade?
* * *
O “Legionário” registra, jubiloso, a merecidíssima distinção conferida pelo Sumo Pontífice
gloriosamente reinante, ao Dr. Vicente Melillo,
agraciado na semana passada com uma honrosa condecoração pontifícia.
Grande e velho amigo, membro de nosso conselho
fiscal, o Sr. Dr. Vicente Melillo é, nesta casa, um
decano de jornalismo sempre acatado e estimado, cuja amizade consideramos um
patrimônio moral.
Tendo ocupado no movimento católico situações das
mais destacadas, e isto não obstante sua conhecida modéstia e seu grande
desinteresse, o Sr. Dr. Vicente Melillo foi
Presidente da Liga Eleitoral Católica, da Federação Mariana,
membro do Conselho Diretor da Confederação Católica, e ocupou ainda várias
outras situações de sacrifícios e de destaque. Hoje em dia, sua atividade
converge toda ela para as obras de Assistência Vicentina,
onde suas realizações tem obtido resultados verdadeiramente triunfais. Por tudo
isto, será certamente muito elevado o número de amigos de S. Sa que afluirão à sua residência no dia em que
S. Ex.a Rev.ma, o Sr. Arcebispo Metropolitano, lhe conferir a condecoração.
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Esta semana tão rica em acontecimentos memoráveis
para a Arquidiocese, oferece, entretanto, pouco assunto aos comentaristas
políticos.
Com efeito, os acontecimentos estão seguindo o
curso inexorável que lhes vem imprimindo a máquina de guerra nazista. O
fracasso das negociações nipo-americanas era de
esperar-se. O atual governo japonês não promoveu tais negociações senão para
impressionar a opinião nipônica e fornecer
argumentos aos isolacionistas americanos. Aos
nipônicos, as negociações deram a impressão de que a intransigência era
recíproca e de que, portanto, não era só a Tóquio que caberia a
responsabilidade pela guerra. Aos isolacionistas, o
insucesso das conferências Kurusu-Summer Welles dará sempre pretexto para afirmar que o Sr. Roosevelt se mostrou inepto, e não soube aproveitar as
minguadas esperanças de paz ainda existentes. E, assim, tudo isto não passou de
fogo de barragem.
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Com os insucessos militares na Rússia, a opinião
pública da Inglaterra se comoveu fortemente. De há muito, o descontentamento
popular vinha denunciando novos sintomas daquele espírito lerdo, tardo, inapto,
municheano em uma palavra, que caracterizou a
administração do pouco saudoso Sr. Chamberlain.
Assim, a personalidade de Lord Halifax,
ex-ministro do exterior da Grã-Bretanha e atual embaixador em Washington, tem
excitado as maiores desconfianças. Incidentes veementes, interpelações
apaixonadas, injúrias até que alvejaram aquele diplomata em plena Câmara dos
Comuns e não deixaram intacta a própria personalidade do Sr. Anthony Eden, atual ministro do
exterior, acabaram por persuadir o governo que é preciso agir.
E, assim, uma ofensiva vigorosa, no norte da
África, se desfechou com o evidente propósito de consolidar o governo. Ainda é
cedo para ajuizar dos resultados dessa ofensiva. Mas o “Legionário”, que tanto e tão
insistentemente escreveu sobre as inomináveis e enigmáticas negligências do Sr.
Chamberlain, não pode deixar de registrar, pesaroso,
que o “espírito de Munich” parece estar renascendo na
Inglaterra.
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Quanto ao celebradíssimo aniversário, na semana passada comemorado,
do pacto anti-Komintern, pouca coisa temos a dizer.
Com efeito, não devemos senão repetir o que todos já sabem: o pacto anti-Komintern poderá inaugurar no mundo um comunismo de
novo rótulo, erguido quiçá sobre os escombros do comunismo russo. Mas entre o
totalitarismo do Komintern e o totalitarismo do anti-Komintern não há senão diferenças acessórias, ou meros
jogos de palavra. É esta a iniludível realidade.