Abstraindo de
qualquer juízo moral acerca do ato pelo qual foi assassinado o general alemão
Carlos Frederico Holtz, não podemos deixar de nos insurgir contra a bárbara
aplicação de penalidades, por parte das autoridades nazistas, a franceses que
não cometeram aquele ato.
Com efeito,
fazer pagar os inocentes pelos culpados é sempre um erro. E há manifesto perigo
para a civilização inteira em que tal prática se generalize.
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É digna de nota
a notícia divulgada por uma agência oficiosa nazista, de que o Sr. Franz
Frolik, chefe de seção do Ministério da Agricultura e várias outras pessoas,
entre as quais cinco judeus, foram condenados à morte por sabotagem econômica,
na Alemanha.
Há muito tempo
que a propaganda nazista vem ocultando cautelosamente a aplicação de tais
penalidades a alemães, para dar a impressão de que a totalidade dos germânicos
forma ao lado do Sr. Hitler. Se agora a tática seguida pelas agências oficiosas
mudou, é evidente porque o descontentamento está assumindo proporções tais que
já não é possível fechar os olhos.
* * *
Um telegrama da
agência oficiosa britânica informa que foi necessário intentar na Inglaterra
uma ação contra um grupo de jovens protestantes que, sob pretexto de convicções
religiosas, se negava ao serviço militar. Evidentemente, dado o livre exame
existente no protestantismo, é muito possível que em país protestante uma
corrente assim se forme. E os inconvenientes daí decorrentes para a defesa
nacional são óbvios. (…)
* * *
Causou-nos
espécie o telegrama fornecido pela agência oficiosa de Vichy, segundo o qual o
governo do Sr. Pétain resolveu só alijar das funções públicas alguns dos
elementos da maçonaria, conservando outros, menos integrados, por sua
graduação, nos segredos e desígnios da seita.
Sendo a maçonaria uma sociedade
secreta, como podem o Sr. Pétain e seus funcionários ter certeza do grau de
integração deste ou daquele elemento no movimento maçônico? É sabido que muitos
figurões altamente graduados nas lojas nada valem, enquanto outros, da arrière-loge, mais sagazes e menos
“medalhonizados”, mandam na realidade. Assim, por que não cancelar de vez todos
os nomes dos maçons? Preparar-se-á com isto uma restauração em regra das
atividades maçônicas?