Legionário, N.o 476, 26 de outubro de 1941

7 DIAS EM REVISTA

Abstraindo de qualquer juízo moral acerca do ato pelo qual foi assassinado o general alemão Carlos Frederico Holtz, não podemos deixar de nos insurgir contra a bárbara aplicação de penalidades, por parte das autoridades nazistas, a franceses que não cometeram aquele ato.

Com efeito, fazer pagar os inocentes pelos culpados é sempre um erro. E há manifesto perigo para a civilização inteira em que tal prática se generalize.

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É digna de nota a notícia divulgada por uma agência oficiosa nazista, de que o Sr. Franz Frolik, chefe de seção do Ministério da Agricultura e várias outras pessoas, entre as quais cinco judeus, foram condenados à morte por sabotagem econômica, na Alemanha.

Há muito tempo que a propaganda nazista vem ocultando cautelosamente a aplicação de tais penalidades a alemães, para dar a impressão de que a totalidade dos germânicos forma ao lado do Sr. Hitler. Se agora a tática seguida pelas agências oficiosas mudou, é evidente porque o descontentamento está assumindo proporções tais que já não é possível fechar os olhos.

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Um telegrama da agência oficiosa britânica informa que foi necessário intentar na Inglaterra uma ação contra um grupo de jovens protestantes que, sob pretexto de convicções religiosas, se negava ao serviço militar. Evidentemente, dado o livre exame existente no protestantismo, é muito possível que em país protestante uma corrente assim se forme. E os inconvenientes daí decorrentes para a defesa nacional são óbvios. (…)

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Causou-nos espécie o telegrama fornecido pela agência oficiosa de Vichy, segundo o qual o governo do Sr. Pétain resolveu só alijar das funções públicas alguns dos elementos da maçonaria, conservando outros, menos integrados, por sua graduação, nos segredos e desígnios da seita.

Sendo a maçonaria uma sociedade secreta, como podem o Sr. Pétain e seus funcionários ter certeza do grau de integração deste ou daquele elemento no movimento maçônico? É sabido que muitos figurões altamente graduados nas lojas nada valem, enquanto outros, da arrière-loge, mais sagazes e menos “medalhonizados”, mandam na realidade. Assim, por que não cancelar de vez todos os nomes dos maçons? Preparar-se-á com isto uma restauração em regra das atividades maçônicas?