Legionário, N.o 469, 7 de setembro de 1941

7 DIAS EM REVISTA

A propaganda nazista tem o hábito de atribuir a manejos judaicos ou comunistas tudo quanto lhe desagrade. Assim, é com a maior desenvoltura que muitos dos jornais da zona francesa ocupada pelos nazistas, bem como da chamada “zona livre”, atribuem a manejos comunistas toda a agitação existente atualmente em território francês.

A este respeito, é importante acentuar que, segundo despacho telegráfico da “United Press”, o Núncio Apostólico em Paris teve uma audiência privada com o Santo Padre, depois da qual o “Osservatore” publicou um notável artigo sobre o assunto.

Está na ordem das coisas que, sendo o comunismo um colaborador efetivo do nazismo, a III Internacional tenha dado a alguns comunistas ordem para promover distúrbios, a fim de fornecer à propaganda germânica pretextos para declarar que tudo não passa de agitação vermelha. Por isto, muito sabiamente, o órgão oficioso da Santa Sé não nega que haja alguma influência comunista nestes distúrbios. Mas acentua fortemente que outros quatro importantes fatores, que nada tem a ver com o comunismo, concorrem para isto. E entre estes fatores, o órgão do Vaticano menciona especialmente a agitação do movimento do Sr. De Gaulle, e a aversão que os franceses sentem à política de colaboração com o “eixo”. Sobretudo, o órgão da Santa Sé salienta que essa agitação ameaça acentuar-se cada vez mais.

Assim, para os católicos o assunto está resolvido: não é suficiente apelar para a influência comunista, para explicar o que se passa na França.

* * *

O “Legionário” tem o hábito de lamentar sempre a extensão da influência nazista em qualquer país. Em virtude do mesmo princípio, lamenta fortemente que a agressão do nazismo à Rússia tenha trazido como conseqüência uma expansão da influência soviética no Irã. É uma verdadeira lástima, que esse povo que não tem o amparo moral da Igreja Católica, pois que é pagão, se veja exposto de modo tão deplorável às doutrinações do paganismo totalitário de nossos dias.