Legionário, N.o 468, 31 de agosto de 1941

7 DIAS EM REVISTA

(...) Já acentuamos em números anteriores a tática que na França estão seguindo as autoridades nazistas, que não têm hesitado em fazer sofrer os inocentes pelo culpados... se é que culpa há.

Na semana finda, o tenente general comandante das forças alemãs de ocupação baixou neste sentido uma resolução típica, cujo texto abaixo transcrevemos, segundo a notícia fornecida pela agência oficiosa do Sr. Pétain, H. T. M. em despacho procedente de Paris:

“A 21 do corrente um membro do exército alemão foi assassinado em Paris.

Em conseqüência ordeno:

1º - A partir de 23 de agosto, todos os franceses presos por ordem das autoridades alemãs em França, ou que venham a ser presos por sua ordem, são considerados reféns.

2º - Em caso de perpetração de novo ato criminoso será fuzilado determinado número de reféns de acordo com a gravidade do ato cometido.

Paris, 21 de agosto de 1941.

(a) Von Schamburg, tenente-general”.

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A este propósito, entretanto, cumpre acentuar que a reação das autoridades nazistas, pelo próprio fato de ser tão violenta, prova à evidência que a oposição do povo francês à política nazificante do Sr. Pétain se torna cada vez mais enérgica.

Neste sentido, seria difícil não ver no atentado contra o Sr. Laval, por mais que as notícias oficiosas procurem desfigurar os fatos, a expressão violenta de um descontentamento profundo que, através dos mais variados atos de sabotagem, prova que o Sr. Pétain fracassou.

A própria agência oficiosa do Sr. Pétain enviou há dias um telegrama noticiando que é tal o entusiasmo pelo Sr. De Gaulle em Beirute, que em um dos muitos centros de alistamento que funcionam naquela cidade chega a cem a média dos voluntários que diariamente se apresentam.

Para evitar fatos como estes, é inútil qualquer represália, e será em vão que as autoridades nazistas multiplicam seus esforços.

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Todos estes fatos confirmam a tese do “Legionário” de que a política do Sr. Pétain, tão favorável à expansão do neopaganismo pelo mundo, é fundamentalmente contrária aos verdadeiros interesses da França católica.

Assim, manifestaram notável ingenuidade alguns de nossos leitores que discreparam de nossa atitude, vendo nela um ataque à França. Não nos parece que sejam inimigos da França os dois mil veteranos de guerra que, da América, telegrafaram ao Sr. De Gaulle, pedindo-lhe que cassasse a patente de marechal do Sr. Pétain, e a de almirante do Sr. Darlan, e cancelasse os nomes de ambos da Legião de Honra.