(...) Já
acentuamos em números anteriores a tática que na França estão seguindo as
autoridades nazistas, que não têm hesitado em fazer sofrer os inocentes pelo
culpados... se é que culpa há.
Na semana
finda, o tenente general comandante das forças alemãs de ocupação baixou neste
sentido uma resolução típica, cujo texto abaixo transcrevemos, segundo a
notícia fornecida pela agência oficiosa do Sr. Pétain,
H. T. M. em despacho procedente de Paris:
“A 21 do
corrente um membro do exército alemão foi assassinado em Paris.
Em conseqüência
ordeno:
1º -
A partir de 23 de agosto, todos os franceses presos por ordem das autoridades
alemãs em França, ou que venham a ser presos por sua ordem, são considerados reféns.
2º - Em caso de
perpetração de novo ato criminoso será fuzilado determinado número de reféns de
acordo com a gravidade do ato cometido.
Paris, 21 de agosto de 1941.
(a) Von Schamburg, tenente-general”.
* * *
A este propósito, entretanto, cumpre acentuar que a
reação das autoridades nazistas, pelo próprio fato de ser tão violenta, prova à
evidência que a oposição do povo francês à política nazificante
do Sr. Pétain se torna cada vez mais enérgica.
Neste sentido, seria difícil não ver no atentado
contra o Sr. Laval, por mais que as notícias
oficiosas procurem desfigurar os fatos, a expressão violenta de um
descontentamento profundo que, através dos mais variados atos de sabotagem,
prova que o Sr. Pétain fracassou.
A própria agência oficiosa do Sr. Pétain enviou há dias um telegrama noticiando que é tal o
entusiasmo pelo Sr. De Gaulle em Beirute, que em um dos muitos centros de
alistamento que funcionam naquela cidade chega a cem a média dos voluntários
que diariamente se apresentam.
Para evitar fatos como estes, é inútil qualquer
represália, e será em vão que as autoridades nazistas multiplicam seus
esforços.
* * *
Todos estes fatos confirmam a tese do “Legionário”
de que a política do Sr. Pétain, tão favorável à
expansão do neopaganismo pelo mundo, é fundamentalmente contrária aos
verdadeiros interesses da França católica.
Assim, manifestaram notável ingenuidade alguns de nossos leitores que
discreparam de nossa atitude, vendo nela um ataque à França. Não nos parece que
sejam inimigos da França os dois mil veteranos de guerra que, da América,
telegrafaram ao Sr. De Gaulle, pedindo-lhe que cassasse a patente de marechal
do Sr. Pétain, e a de almirante do Sr. Darlan, e cancelasse os nomes de ambos da Legião de Honra.